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Internacional

- Publicada em 25 de Maio de 2020 às 19:20

Cidade colombiana mais infectada por coronavírus culpa Bolsonaro

Brasil fica a 15 minutos de comunidade indígena na Colômbia

Brasil fica a 15 minutos de comunidade indígena na Colômbia


Tatiana de Nevó/AFP/JC
Isolada do resto da Colômbia e colada à cidade brasileira de Tabatinga (AM), Leticia, incrustada na selva amazônica, vive a pior crise sanitária de sua história. E, para muitos ali, a culpa pelo desastre cai na conta do governo Jair Bolsonaro.
Isolada do resto da Colômbia e colada à cidade brasileira de Tabatinga (AM), Leticia, incrustada na selva amazônica, vive a pior crise sanitária de sua história. E, para muitos ali, a culpa pelo desastre cai na conta do governo Jair Bolsonaro.
"Não quero dizer de uma forma grosseira, mas parece que o presidente Bolsonaro não deu a importância que a epidemia exigia", disse à reportagem da Folhapress o prefeito de Leticia, Jorge Luis Mendoza, em entrevista por telefone.
"Em nosso contexto, Leticia e Tabatinga sempre foram cidades gêmeas. O que afeta um lado afeta o outro. Ficou essa janela aberta entre nós e o restante do Brasil. Foi por esse ponto que o vírus penetrou nessa zona tão isolada."
Com uma fronteira seca e só acessíveis por barco ou avião, as duas cidades funcionavam como uma só - compartilhavam até a mesma avenida principal. Até que, em 17 de março, o governo colombiano fechou as fronteiras do país.
Mas a medida não impediu a circulação de pessoas, dizem os moradores. "A fronteira não é esses dez metros de rua", diz Anitalia Pijachi Kuyuedo, líder comunitária do povo indígena okaira-muina murui. "Aqui, na minha comunidade, o Brasil está a 15 minutos. E tudo está povoado de gente que vai e vem, vai e vem. É utopia dizer que a fronteira foi fechada."
Ela conhece diversos casos de pessoas infectadas que chegaram de barco do Brasil e culpa Bolsonaro pela falta de medidas de controle. "Todo mundo sabe o pensamento de Bolsonaro diante dessa 'gripinha', como ele disse."
Médico da ONG Sinergias Alianzas, focada em saúde pública na Amazônia colombiana, Pablo Martínez é cauteloso em culpar o Brasil. Ele diz que o vírus pode ter chegado via turistas europeus ou de Iquitos, cidade da Amazônia peruana.
Assim como Tabatinga e outras cidades brasileiras da calha do rio Solimões, que registram as maiores taxas de incidência do País, Leticia se tornou a recordista colombiana de número de casos por 100 mil habitantes.
Até domingo (24), a maior cidade da Amazônia colombiana acumulava 49 óbitos, um caso a mais do que Tabatinga. No entanto, à diferença da vizinha brasileira, com situação similar a diversas outras Brasil afora, Leticia é um ponto fora da curva na Colômbia.
Com apenas 0,1% da população da Colômbia, Leticia, de 49 mil habitantes, concentra 7% das 705 mortes por coronavírus. É, de longe, a maior taxa de mortalidade do país de 50 milhões de habitantes.
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