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Internacional

- Publicada em 16 de Abril de 2020 às 19:47

OMS paga preço de briga entre Trump e China

Em meio à pandemia, Trump vira as costas para a organização da saúde

Em meio à pandemia, Trump vira as costas para a organização da saúde


MANDEL NGAN/AFP/JC
Em abril de 2015, a direção da Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou uma declaração reconhecendo erros no combate à epidemia de ebola que se encerrava no Oeste da África e anunciando reformas. "O ebola serviu como um lembrete que o mundo, incluindo a OMS, está mal preparado para um longo e sustentável surto", disse, na época, a organização.
Em abril de 2015, a direção da Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou uma declaração reconhecendo erros no combate à epidemia de ebola que se encerrava no Oeste da África e anunciando reformas. "O ebola serviu como um lembrete que o mundo, incluindo a OMS, está mal preparado para um longo e sustentável surto", disse, na época, a organização.
Entre as promessas feitas estavam a criação de estruturas para responder a emergências sanitárias, maior envolvimento com comunidades e médicos, e mais transparência na comunicação. A principal diretriz anunciada era "levar as ameaças de doenças a sério".
Cinco anos depois, a organização está sob ataque do presidente dos EUA, Donald Trump, que a acusa de repetir os mesmos erros no caso do coronavírus. O maior teria sido justamente não levar a sério a doença em seu início.
Na terça-feira (14), os EUA anunciaram a suspensão do financiamento à entidade, cortando US$ 400 milhões (15% do orçamento), medida que veio acompanhada de uma crítica de fundo geopolítico. Além de, segundo Trump, ser ineficiente e opaca, a OMS se comportaria como serviçal da China, país que o presidente vê como um rival estratégico. "A OMS falhou em seu dever básico e deve ser responsabilizada", disse Trump, que também criticou a entidade por ter "acreditado nas garantias dadas pela China".
Candidato à reeleição e sob intensa artilharia doméstica por ter subestimado a pandemia em seu início, Trump tem aumentado o volume contra a organização à medida em que as críticas sobre seu desempenho se avolumam.
Para Charles Clift, pesquisador da Chatam House, centro de estudos britânico, e ex-consultor da OMS, a ofensiva de Trump é efeito colateral de uma disputa maior. "Não é sobre a OMS, é sobre a briga de Trump com a China", diz.
Clift argumenta que a capacidade da OMS de combater uma pandemia como a atual depende do empenho dos países membros. São eles que fornecem o financiamento e as informações para que as decisões técnicas sejam tomadas. "A OMS se baseia apenas nos dados que os países passam", afirma.
As principais críticas ao desempenho da OMS por parte de Trump e outros conservadores (inclusive no Brasil) são derivadas da hesitação de seu diretor-geral, o etíope Tedros Adhanom Ghebreyesus, em declarar emergência de saúde global logo no início do ano.
As maiores evidências dessa relutância, e de uma proximidade comprometedora do diretor-geral com a China, são alguns tuítes de janeiro. No dia 14 daquele mês, ele escreveu que "investigações preliminares conduzidas pelas autoridades chinesas não encontraram evidência clara de transmissão de humanos para humanos do novo coronavírus identificado em Wuhan". Naquele momento, esse tipo de transmissão já ocorria.
Oito dias depois, Ghebreyesus tuitou: "A liderança e a intervenção do presidente Xi Jinping têm sido valiosas, e todas as medidas foram tomadas para responder ao surto". A emergência global só foi decretada em 30 de janeiro.
Ghebreyesus chegou ao cargo com apoio da China, o que o expõe à acusação de ser condescendente com o país asiático. Ele era um aliado dos chineses, que têm grandes investimentos na Etiópia, quando ocupava o cargo de ministro das Relações Exteriores.
Em entrevista coletiva, o diretor da OMS disse que lamenta a decisão de Trump de suspender o financiamento e ressaltou que uma divisão em meio à crise beneficia apenas a transmissão do coronavírus. Ele afirmou, também, que a organização não é imune a falhas. "Certamente serão identificadas áreas para melhoria e lições a serem aprendidas."
 
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