O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, decretou, nesta terça-feira (24), o maior confinamento da história, ordenando que todos os 1,3 bilhão de habitantes do país fiquem em casa pelas próximas três semanas. A medida passou a valer à meia-noite (tarde no Brasil), o que gerou uma corrida da população a farmácias e mercados.
A medida é uma tentativa de conter a disseminação do coronavírus no país, o segundo mais populoso do mundo. "Haverá uma proibição total de sair de suas casas", afirmou o premiê em um discurso na TV. "Todos os distritos, todas as ruas, todas as vilas vão entrar em confinamento." Segundo cálculos da agência de notícias AFP, com a decisão indiana, o número de pessoas sob confinamento no mundo duplicou e chegou a 2,6 bilhões de pessoas.
O governo já tinha proibido voos e viagens de trens e ordenado o fechamento do comércio e das escolas, mas a população ainda estava livre para sair de casa antes do anúncio desta terça-feira.
Diferentemente do que ocorreu em outros países, Modi indicou que não haverá nenhum tipo de exceção - para profissionais de saúde ou para quem precisa comprar comida, por exemplo. Ele disse apenas que o governo e entidades da sociedade civil vão ajudar quem precisar, mas sem oferecer detalhes.
O governo também não esclareceu o que acontecerá com os moradores de rua do país - segundo os dados mais recentes, divulgados em 2011, o país tem 1,77 milhão de pessoas nessa situação.
O premiê anunciou, ainda, a criação de um fundo de US$ 2 bilhões (R$ 10,15 bilhões) para novos investimentos no sistema de saúde. Até o momento, a Índia teve 519 casos confirmados de coronavírus e dez mortes, segundo os dados da Universidade John Hopkins, dos Estados Unidos.
No entanto, autoridades médicas temem que esses números possam crescer rapidamente e que o país alcance 1 milhão de pessoas infectadas até maio. "A única maneira de nos salvarmos do coronavírus é se não deixarmos nossas casas, aconteça o que acontecer, ficaremos em casa", afirmou Modi em seu pronunciamento. "Se vocês não conseguirem lidar com esses 21 dias (de confinamento), este país vai regressar 21 anos."