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Estados Unidos

- Publicada em 04 de Março de 2020 às 16:52

Superterça deixa disputa democrata restrita a Bernie Sanders e Joe Biden

Enquanto Biden se define como um moderado, Sanders se vê como um 'socialista democrata'

Enquanto Biden se define como um moderado, Sanders se vê como um 'socialista democrata'


MARK FELIX AND MARK RALSTON/AFP/JC
A Superterça, noite mais decisiva das primárias norte-americanas, serviu para limpar a disputa presidencial democrata, que ficou restrita ao ex-vice-presidente dos EUA Joe Biden, um moderado, contra o senador Bernie Sanders, um "socialista democrata", como ele se define. Os dois dividiram a maioria das vitórias nas prévias estaduais de terça-feira, e devem disputar entre eles quem será o nome que enfrentará Donald Trump, em novembro.
A Superterça, noite mais decisiva das primárias norte-americanas, serviu para limpar a disputa presidencial democrata, que ficou restrita ao ex-vice-presidente dos EUA Joe Biden, um moderado, contra o senador Bernie Sanders, um "socialista democrata", como ele se define. Os dois dividiram a maioria das vitórias nas prévias estaduais de terça-feira, e devem disputar entre eles quem será o nome que enfrentará Donald Trump, em novembro.
Segundo projeções, até o início da madrugada de ontem, Biden havia vencido as prévias em estados como Carolina do Norte, Virgínia, Minnesota e Tennessee. Já Sanders havia ganhado em Vermont, Utah, Colorado e lutava voto a voto com o ex-presidente no Texas e em Massachusetts. Na Califórnia, estado mais populoso dos EUA, com mais de 20 milhões de eleitores registrados e que conta lentamente seus votos - a expectativa é de que a apuração total leve dias para ser concluída.
O bilionário ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg, que gastou US$ 500 milhões em três meses de campanha, teve um desempenho abaixo do esperado, vencendo somente na Samoa Americana, com 44 delegados. Por isso, anunciou, ontem, que estava desistindo da campanha e endossando a candidatura de Biden.
A disputa democrata foi marcada pelo excesso de candidatos - no total, 29 chegaram a concorrer a indicação. No entanto, desde o início, estava claro que a corrida seria entre as duas alas do partido: os progressistas e os moderados.
Biden, que liderou a corrida presidencial a maior parte do tempo, veio perdendo terreno desde o ano passado. Nas primeiras três prévias - Iowa, New Hampshire e Nevada - Sanders obteve excelentes resultados, saltou como favorito e sua caminhada parecia incontestável. Mas na quarta disputa, a campanha do ex-vice-presidente ressuscitou.
Com a vitória convincente na Carolina do Sul - especialmente com o voto do eleitorado negro -, Biden recebeu o impulso de vários rivais em um espaço de 48 horas: Pete Buttigieg, ex-prefeito de South Bend, e a senadora Amy Klobuchar, que abandonaram as prévias, embarcaram na campanha do ex-vice-presidente dos EUA. Beto O'Rourke, ex-deputado texano e uma das estrelas do partido, também anunciou apoio a Biden.
De acordo com pesquisas de boca de urna, divulgadas na terça-feira, após o encerramento das votações da Superterça, a maioria dos eleitores democratas que decidiu em quem votar na última hora optou por Biden - o que mostra o entusiasmo de sua campanha nos últimos dias.

Na convenção de Milwaukee, em julho, superdelegados dão seus votos

O candidato democrata será definido na convenção de Milwaukee, entre os dias 13 e 16 de julho. Para obter a candidatura, Biden e Sanders precisam obter o apoio da maioria dos 3.979 delegados - escolhidos nas primárias (cerca de 84% do total de votos da convenção) - e 771 superdelegados, que são caciques do partido, líderes estaduais e burocratas, que representam pouco mais de 16% do total de votos em Milwaukee.
Na noite de terça-feira, estavam em disputa 1.357 delegados - cerca de um terço do total que definirá o candidato em julho. Para alguns líderes do Partido Democrata, o pior cenário será se Sanders e Biden seguirem dividindo a votação e o número de votos, sem que ninguém obtenha uma maioria clara durante a convenção.
O impasse obrigaria os 771 superdelegados a decidir o nome do candidato. No momento em que a população parece cansada dos políticos tradicionais, o partido não quer passar a imagem de que a indicação é decidida por burocratas e não pelo voto popular.
As lideranças democratas, portanto, estão diante do dilema de hipotecar apoio a Biden, atrapalhando o caminho de Sanders, e correr o risco de alienar parte do eleitorado do senador, especialmente o exército de jovens dispostos a votar no partido pela primeira vez.