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Saúde

- Publicada em 25 de Fevereiro de 2020 às 20:01

Na Itália, ruas vazias por medo do coronavírus

Até 1º de março, há restrição na circulação entre as cidades afetadas no Norte e Nordeste do país

Até 1º de março, há restrição na circulação entre as cidades afetadas no Norte e Nordeste do país


MARCO SABADIN/AFP/JC
Máscaras, ruas vazias e espaços públicos com eventos cancelados, incluindo missas. A apreensão cresce na Itália no ritmo da divulgação de novos casos. Nesta terça-feira (25), o país registrou a 11ª morte pelo novo coronavírus (Covid-19). Ao todo, já são 320 casos registrados da doença.
Máscaras, ruas vazias e espaços públicos com eventos cancelados, incluindo missas. A apreensão cresce na Itália no ritmo da divulgação de novos casos. Nesta terça-feira (25), o país registrou a 11ª morte pelo novo coronavírus (Covid-19). Ao todo, já são 320 casos registrados da doença.
As vítimas são, majoritariamente, idosos com problemas prévios de saúde ou que estavam hospitalizados. As principais regiões atingidas são o Norte e o Nordeste, embora a epidemia tenha avançado em direção ao Sul.
Um decreto do Ministério da Saúde, com disposições específicas e destinadas aos residentes da Lombardia, foco do surto em 11 cidades, cancelou eventos e pede às pessoas um "toque de recolher voluntário", ao "evitar lugares superlotados e participação em manifestações".
O premiê Giuseppe Conte reconheceu falhas em um hospital da região de Milão que favoreceram a propagação de Covid-19. O hospital recebeu um doente considerado o "paciente número um" e dali o vírus se propagou, com inúmeros casos na Lombardia.
Entre as medidas extraordinárias, válidas até o dia 1º de março, há restrição na circulação entre as cidades afetadas - com patrulhamento do Exército -, fechamento de 5,5 mil escolas, além de creches, teatros, cinemas e museus. No domingo, o chefe da região do Vêneto, Luca Zaia, suspendeu até o tradicional Carnaval de Veneza.
A preocupação atinge todos os que chegam, independentemente de virem de países ainda sem o surto. Segundo o motorista de Uber brasileiro Wenderson, que está há dois anos em Milão, o movimento caiu, ao menos, 40%. "Ninguém quer saber de sair de casa", afirmou.
Eventos futuros também já são afetados. A feira de literatura infantil e juvenil de Bolonha - a principal do mundo - foi adiada em razão do avanço do coronavírus. O evento, que seria realizado de 30 de março a 2 de abril, foi transferido para 4 a 7 de maio.
"Se fala de tudo e de modo confuso: isolamento, fechamento de escolas, cinemas, teatros. Mas, a cada nova notícia, o resultado é o mesmo, com as pessoas correndo para estocar comida", conta o arquiteto brasileiro Gustavo Minosso, há 12 anos em Milão.
Apesar de continuar a frequentar seu escritório normalmente, Minosso tem evitado lugares fechados. Até o momento, não vê motivos para pânico. "Existe muito alarmismo", argumenta.
Mas até as missas estão canceladas no Norte da Itália. Enterros e casamentos podem ser celebrados, mas somente com a presença dos parentes próximos. A Igreja até sugere assistir missas pela TV. O padre Gabriele Bernardelli, pároco da cidade de Castiglione d'Adda, dirigiu uma mensagem comovente aos fiéis: "Percebemos a nossa impotência e, por isso, gritemos a Deus a nossa surpresa, o nosso sofrimento, o nosso temor".

Brasileiros estão inseguros quanto a viagens

Entre os brasileiros que pretendem se deslocar para Milão ou arredores nos próximos dias - e meses -, a sensação geral é de espera. "Até o momento, não tivemos nenhum tipo de desistência", diz a agente de viagens Simonetta Occhionero.
Um de seus clientes, no entanto, o empresário gaúcho Edson Busin, diretor de Marketing da Dell Anno, já está revisando seus planos de viagem para o Salão do Móvel de Milão, marcado para abril. "Há seis meses programamos a viagem, mas, na sexta-feira (28), faremos uma reunião final para decidir sobre nossa ida, e, pelas notícias que temos até agora, a possibilidade de que ela não ocorra é bem grande."
O Ministério da Saúde adicionou, na segunda-feira (24), oito países na lista de alerta do novo coronavírus, incluindo Itália, Alemanha e França. Além desses, entram no rol do governo Austrália, Filipinas, Malásia, Irã e Emirados Árabes Unidos. Isso significa que serão considerados suspeitos da doença passageiros que estiveram nesses locais e apresentem sintomas, como febre forte e tosse. O novo protocolo é resultado da confirmação de transmissão do vírus dentro desses países.
Antes, pessoas com sintomas de gripe vindas da Itália, por exemplo, não recebiam atenção especial da vigilância sanitária brasileira, pois a suspeita de coronavírus era descartada na hora. Agora, haverá protocolo específico em que, caso o passageiro tenha febre associada a algum outro sintoma, será enquadrado automaticamente como caso suspeito.
Há quatro suspeitas no Brasil - três em São Paulo e uma no Rio de Janeiro. Já foram descartadas 54. A avaliação de integrantes da pasta é de que, com a nova lista, o total de suspeitas deve subir. Segundo a Organização Mundial da Saúde, já são 79.409 casos confirmados de coronavírus no mundo e 2.622 óbitos.
 

Suíça, Croácia, Áustria e Espanha registram os primeiros casos

A Suíça confirmou seu primeiro caso de coronavírus nesta terça-feira (25). O doente é um homem de 70 anos do cantão de Ticino, no Sul do país, na fronteira com a Itália. Croácia, Áustria e Espanha também registraram seus primeiros casos.
O homem com o coronavírus, que visitou Milão recentemente, está isolado em uma clínica em Lugano, enquanto as autoridades tentam localizar pessoas que tiveram contato com ele.
Quarenta passageiros de um voo da Alitalia vindos das regiões do Norte da Itália foram proibidos de entrar nas Ilhas Maurício e tiveram que voltar a Roma. Da mesma forma, um hotel em Tenerife, nas Ilhas Canárias, na Espanha, foi colocado em quarentena após um médico do Norte da Itália hospedado no local ter testado positivamente para o coronavírus.
Fora da China, a Coreia do Sul é o principal foco de epidemia: 144 novos casos de contaminação, aumentando o total para 977 infectados e dez mortos.
No Irã houve três novas mortes, chegando a 16 no total. O vice-ministro da Saúde declarou estar contaminado.