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Oriente Médio

- Publicada em 08 de Janeiro de 2020 às 03:00

Irã declara Forças Armadas dos EUA como 'terroristas'

Milhares de pessoas acompanharam sepultamento de Soleimani, muitas carregando cartazes contra o governo norte-americano

Milhares de pessoas acompanharam sepultamento de Soleimani, muitas carregando cartazes contra o governo norte-americano


ATTA KENARE/AFP/JC
O Parlamento do Irã aprovou, nesta terça-feira, uma lei que designa as Forças Armadas dos Estados Unidos como "terroristas", sinalizando uma escalada da tensão no Oriente Médio. A decisão do regime de Teerã ocorre em meio à expectativa de retaliação militar contra alvos dos EUA após o assassinato do general Qasem Soleimani em solo iraquiano, sepultado ontem, em Kerman, sua cidade Natal. A cerimônia foi acompanha por milhares de pessoas, muitas carregando cartazes contra o governo norte-americano.
O Parlamento do Irã aprovou, nesta terça-feira, uma lei que designa as Forças Armadas dos Estados Unidos como "terroristas", sinalizando uma escalada da tensão no Oriente Médio. A decisão do regime de Teerã ocorre em meio à expectativa de retaliação militar contra alvos dos EUA após o assassinato do general Qasem Soleimani em solo iraquiano, sepultado ontem, em Kerman, sua cidade Natal. A cerimônia foi acompanha por milhares de pessoas, muitas carregando cartazes contra o governo norte-americano.
A medida diz que qualquer ajuda ao Exército norte-americano "será considerada cooperação com um ato terrorista". O texto é uma emenda a uma lei votada em abril que descreve os EUA como um país "patrocinador do terrorismo". O Parlamento também autorizou um aporte de € 200 milhões (aproximadamente R$ 910 milhões) destinado às forças Quds, grupo de elite da Guarda Revolucionária.
Também ontem, o Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã disse avaliar diversos "cenários de vingança" contra os EUA. "Até agora, discutimos no conselho 13 cenários de vingança, e que, mesmo que haja consenso em torno do cenário mais moderado, sua realização poderá ser um pesadelo para os norte-americanos", declarou o secretário do organismo, Ali Shamkhani.
Segundo informações da Folhapress, alarmistas temem um ataque tradicional contra os EUA. Porém, Teerã não tem, hoje, poderio militar para fazer frente a Washington.
A internet, por outro lado, pode ser uma saída. Ciberataques podem causar dano estrutural e financeiro a países rivais sem escalar o conflito militar. Os EUA sabem disso porque usam essa tática. Ao acusar o Irã de atacar navios petroleiros, o governo de Donald Trump supostamente ordenou ciberataques contra o Irã, em vez de responder na mesma moeda.
Uma vantagem dos ciberataques é que, como raramente há prova concreta de autoria, eles costumam causar menos alarde. O que não significa que são menos danosos.
O Irã tem investido nessa área, apesar de não ter a mesma expertise dos EUA. A Guarda Revolucionária é um dos órgãos oficiais envolvidos nesse tipo de ação, com o apoio de voluntários recrutados em universidades.

Tumulto em funeral deixa ao menos 56 mortos

Uma confusão durante o funeral do general Qasem Soleimani deixou ao menos 56 mortos e 213 feridos na cidade de Kerman. Não há detalhes ainda sobre o que causou o tumulto, ocorrido em meio a um cortejo que reuniu milhares de pessoas nas ruas da cidade natal do general. Imagens mostram pessoas caídas no chão, com os rostos cobertos, enquanto equipes de resgate tentavam reanimar outros feridos.
Devido à tragédia, o enterro do general foi adiado por algumas horas e só teve início por volta das 19h locais (meio-dia de Brasília), segundo a agência Isna. Entre os mortos, 35 eram homens e 21, mulheres. Além deles, 67 feridos ainda estão sendo atendidos nos hospitais
Soleimani foi morto na sexta-feira em um ataque dos EUA no Iraque. Ele foi uma das autoridades com mais poder no Irã, e é considerado um herói no país.
Seu corpo foi levado a várias cidades iranianas nos últimos dias, em cortejos que atraíram multidões. Em Teerã, milhões de pessoas foram ao funeral na segunda-feira. O líder supremo do Irã, Ali Khamenei, chorou enquanto fazia orações em frente ao caixão.
"Nossa vontade é firme. Dizemos aos nossos inimigos que nos vingaremos e que se atacarem novamente incendiaremos aquilo que eles amam", disse na cerimônia, em Kerman, o comandante interino da Guarda Revolucionária, Hosein Salami.
Soleimani liderou por mais de 20 anos a força Quds, braço de elite da Guarda Revolucionária do Irã responsável pelo serviço de inteligência e por conduzir operações militares secretas no exterior. Próximo do aiatolá Khamenei, ele era um dos nomes mais cotados para sucedê-lo no comando do país, segundo o jornal The New York Times - o líder supremo iraniano tem 80 anos.
Para Washington, Soleimani era o idealizador da estratégia de apoiar milícias no Iraque e na Síria contra as tropas norte-americanas. Por isso, o governo dos EUA culpava o general pela morte de até 700 militares do país nos últimos anos.
A ação dos EUA aumentou a tensão no Oriente Médio. O Irã prometeu se vingar e disse que não respeitará mais os limites do acordo internacional pelo qual se comprometia a conter sua capacidade de enriquecimento de urânio. Trump ameaçou fazer novos ataques caso haja retaliações por parte do país persa.

Pompeo afirma que evidências mostravam possibilidade de ataque

Secretário de Estado diz 
que Irã nunca terá arma nuclear

Secretário de Estado diz que Irã nunca terá arma nuclear


/WIN MCNAMEE/GETTY IMAGES/AFP/JC
O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, afirmou que o Irã nunca terá uma arma nuclear, pois os EUA não permitirão que isso aconteça. "O presidente Donald Trump foi claro. O Irã nunca terá arma nuclear. Isso nunca vai acontecer", disse Pompeo em coletiva de imprensa convocada para falar sobre a tensão no Oriente Médio.
Pompeo reafirmou que o ataque em solo iraquiano teve como objetivo impedir um "ataque iminente" que estaria sendo orquestrado contra forças norte-americanas no Oriente Médio. Ele também informou que "múltiplas informações" foram dadas a Trump antes da decisão de matar Soleimani. Segundo Pompeo, o general iraniano massacrou milhares na Síria, foi responsável por vários ataques contra o Líbano e representava a destruição no Iraque. "Os EUA agiram contra Soleimani para confrontar e conter", acrescentou.