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Oriente Médio

- Publicada em 07 de Janeiro de 2020 às 03:00

Funeral de Soleimani reúne milhões no Irã

Atos no Irã foram os maiores no país desde o funeral do aiatolá Ruhollah Khomeini

Atos no Irã foram os maiores no país desde o funeral do aiatolá Ruhollah Khomeini


ATTA KENARE/AFP/JC
Milhões de iranianos foram às ruas de Teerã ontem para o funeral do general Qasem Soleimani, morto por um ataque dos Estados Unidos em Bagdá, capital do Iraque, em uma ação que fez escalar drasticamente a tensão na região.
Milhões de iranianos foram às ruas de Teerã ontem para o funeral do general Qasem Soleimani, morto por um ataque dos Estados Unidos em Bagdá, capital do Iraque, em uma ação que fez escalar drasticamente a tensão na região.
Em um discurso transmitido pela televisão estatal, Zeinab, filha do comandante, disse que a morte de seu pai terá consequências. "A América e o sionismo (referência a Israel) deveriam saber que o martírio do meu pai levará a um despertar no front da resistência e trará um dia escuro para eles. (Donald) Trump louco, não pense que tudo está terminado com o martírio do meu pai", afirmou.
Segundo a polícia, milhões de pessoas participaram dos atos, os maiores no país desde o funeral do aiatolá Ruhollah Khomeini, líder da Revolução Iraniana, em 1989. O caixão de Soleimani foi envolto pela bandeira iraniana e levado de mão em mão sobre as cabeças da multidão em Teerã.
Carregando cartazes com o retrato do general, as pessoas se reuniram nos arredores da Universidade de Teerã, onde o líder supremo Ali Khamenei presidiu as cerimônias e as orações pelo general. Khamenei, que era próximo de Soleimani, chorou durante a tradicional oração que os muçulmanos fazem aos mortos.
Cercado do presidente iraniano, Hassan Rowhani, do presidente do Parlamento, Ali Larijani, do chefe da Revolução, general Hossein Salami, e do chefe da Autoridade judicial, Ebrahim Raisi, o aiatolá fez uma oração em árabe pouco depois das 9h30min (3h em Brasília), em frente ao caixão de Soleimani.
O general iraniano que passou a liderar a Guarda Revolucionária Islâmica após o assassinato de Soleimani prometeu se vingar dos EUA. "Deus Todo Poderoso prometeu obter sua vingança, e Deus é o maior vingador. Certamente ações serão realizadas", disse Esami Ghaani, em entrevista à TV estatal iraniana.
EUA e Irã romperam as relações diplomáticas em 1979, mas passaram por uma reaproximação durante o governo de Barack Obama. Isso culminou com a assinatura do acordo nuclear em 2015, do qual participavam também o Reino Unido, a França, a Alemanha, a China e a Rússia, com o apoio da Organização das Nações Unidas (ONU).
Em 2018, os EUA, sob comando de Trump, deixaram o acordo, e a partir daí a tensão entre os dois países foi aumentando, com trocas de acusações entre os líderes de ambos os lados. No domingo, o governo iraniano anunciou que o país vai deixar de cumprir as exigências do acordo de 2015, colocando assim um ponto final no pacto.

Trump ameaça impor sanções ao Iraque se tropas forem expulsas

O presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçou ontem impor sanções ao Iraque se o país exigir que os militares norte-americanos deixem o país. No domingo, o Parlamento iraquiano votou a favor de uma resolução que exige a expulsão de tropas dos EUA, em reação ao ataque aéreo que matou Soleimani, no fim da semana passada.
"Nós temos lá (no Iraque) uma base aérea que é extraordinariamente cara. Custou bilhões de dólares", disse Trump no avião presidencial, o Air Force One, quando retornava da Flórida para Washington. "Não vamos sair, a menos que nos paguem de volta por ela", acrescentou.
Trump disse ainda que, a menos que os EUA saiam do Iraque de "forma bastante amigável", Washington irá impor aos iraquianos "sanções como eles nunca viram antes".
Na noite de domingo, a presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, disse que a Casa vai apresentar e votar esta semana uma resolução para limitar novas ações militares de Trump relacionadas ao Irã.
Em carta dirigida aos democratas da Câmara, Nancy descreveu o ataque aéreo que matou Soleimani em Bagdá como uma "provocação" e desproporcional". Nancy também falou que a ofensiva "pôs em risco militares e diplomatas".

Exército norte-americano mantém 27 bases na região

Um possível alvo de vingança do Irã seriam instalações militares dos EUA no Oriente Médio. O governo mantém cerca de 80 mil militares na região, espalhados por 27 bases e instalações distribuídas em 12 países - bem equipados e com apoio pesado, representado pela presença de um, e as vezes dois porta-aviões nucleares, acompanhados de destroieres, cruzadores e quase sempre por um submarino de ataque.
Nessa conta, feita em setembro pelo Centro de Estudos Estratégicos, de Washington, não entram os complexos relativamente próximos mantidos no Afeganistão e no Paquistão. O mapa do sistema abrange o Bahrein (3 unidades), Djibuti (1), Egito (1), Iraque (1), Israel (2), Jordânia (1), Kuwait (4), Omã (6), Catar (2), Arábia Saudita (1), Turquia (2) e Emirados Árabes (3).
As armas atômicas, 50 delas, ficam estocadas na Turquia, em uma célula de alta segurança da base de Incirlik. São do tipo B61-12, pequenas e com a tecnologia atualizada pela última vez há mais de 20 anos - mas são dez vezes mais potentes que a lançada sobre Hiroshima, em 1945.