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Internacional

- Publicada em 24 de Dezembro de 2019 às 03:00

Escândalo sexual abala Igreja no México

Para retirou segredo sobre casos de abusos entre membros da Igreja

Para retirou segredo sobre casos de abusos entre membros da Igreja


Yara Nardi/POOL/AFP/JC
Pelo menos 175 menores de idade foram vítimas de abusos sexuais cometidos por membros da congregação católica mexicana Legionários de Cristo entre 1941 e 2019, de acordo com um relatório interno divulgado no último sábado. O documento, elaborado pela Comissão de Casos de Abuso Infantil do Passado e Atenção às Pessoas Envolvidas, veio à tona depois que o Papa Francisco eliminou o segredo pontifício para as denúncias de abuso sexual.
Pelo menos 175 menores de idade foram vítimas de abusos sexuais cometidos por membros da congregação católica mexicana Legionários de Cristo entre 1941 e 2019, de acordo com um relatório interno divulgado no último sábado. O documento, elaborado pela Comissão de Casos de Abuso Infantil do Passado e Atenção às Pessoas Envolvidas, veio à tona depois que o Papa Francisco eliminou o segredo pontifício para as denúncias de abuso sexual.
"A maioria das vítimas eram crianças e adolescentes com idades entre 11 e 16 anos", detalha o relatório, divulgado pela própria congregação no site ceroabusos.org, em que presta contas das investigações e das medidas que tomou.
Os abusos foram cometidos por 33 religiosos, sacerdotes ou diáconos, incluindo o fundador da poderosa congregação ultraconservadora, Marcial Maciel (1920-2008). Ele abusou de pelo menos 60 crianças e adolescentes desde a fundação dos Legionários, em 1941, de acordo com o relatório.
Seis padres morreram sem serem julgados, um foi condenado e outro, sem status de clérigo, está atualmente em julgamento. Não há informações sobre os outros 25.
O documento afirma que, para 45 das vítimas, "houve um progresso no caminho institucional de reparação e reconciliação", sem dar detalhes. "Ainda há uma grande necessidade de continuar facilitando esse caminho para outras pessoas", diz o texto.
Maciel foi afastado pelo Papa Bento XVI em 2006, que ordenou que ele se retirasse para uma vida de oração e penitência depois de anos de acusações de que havia abusado sexualmente de meninos e jovens. O líder religioso morreu dois anos depois, aos 87 anos, sem nunca enfrentar seus acusadores.
Nascido em uma pequena cidade no estado de Michoacan, Maciel veio de uma tradicional família católica em que dois bisavós haviam sido bispos mexicanos. "Nunca me envolvi no tipo de comportamento repulsivo que esses homens me acusam", disse em 2002.
Dos 33 padres que cometeram abusos, 14 também foram vítimas na Congregação, o que evidencia a existência de "cadeias de abuso" onde "a vítima de um legionário, com o passar dos anos, se tornou agressor". "Nesse sentido, é emblemático que 111 dos menores abusados na Congregação tenham sido vítimas de Maciel ou de uma de suas vítimas", diz o texto.
O relatório indica que dos 33 padres que cometeram abusos, sem considerar Maciel, 18 ainda fazem parte da congregação, mas estão afastados de obras públicas ou que envolvam contato com menores.
A comissão, criada pelo superior-geral dos Legionários de Cristo, padre Eduardo Robles-Gil, afirmou que "não acredita que seu estudo tenha sido capaz de descobrir todos os casos", uma vez que eles costumam ocorrer em segredo.
Foi para amenizar esse problema que o Papa Francisco decidiu abolir a vigência do chamado "segredo pontifício" em investigações de abusos sexuais. Ele era imposto aos casos que envolviam clérigos e, na visão de críticos, funcionava como um instrumento de silenciamento e omissão frente aos abusos.
 
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