Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Internacional

- Publicada em 17 de Dezembro de 2019 às 03:00

Torturador que dava aulas na Sorbonne será julgado na Argentina

Mario Sandoval era conhecido em razão da crueldade com o uso do eletrochoque

Mario Sandoval era conhecido em razão da crueldade com o uso do eletrochoque


RONALDO SCHEMIDT/AFP/JC
Terminou ontem a viagem de volta para a Argentina de Mario Sandoval, 66 anos, um torturador que fez parte da repressão durante a ditadura militar (1976-1983) do país vizinho. Ele será julgado dentro do processo que investiga e condena crimes cometidos no centro de detenção clandestino da ESMA (Escola Mecânica da Armada).
Terminou ontem a viagem de volta para a Argentina de Mario Sandoval, 66 anos, um torturador que fez parte da repressão durante a ditadura militar (1976-1983) do país vizinho. Ele será julgado dentro do processo que investiga e condena crimes cometidos no centro de detenção clandestino da ESMA (Escola Mecânica da Armada).
Ao deixar o país, fugindo da perseguição aos repressores, Sandoval refugiou-se na França, onde se tornou professor do Instituto de Estudos Latino-Americanos da Sorbonne, em Paris. Exerceu essa função de 1985 - ao chegar na universidade - a 2005. Sua situação se complicou quando um colega professor passou a desconfiar que ele talvez fosse o homem conhecido como "Churrasco" - porque era tão cruel no manejo dos aparelhos de eletrochoque que acabou matando vários prisioneiros.
Sandoval é suspeito de participar do assassinado de dezenas de pessoas, mas será inicialmente julgado pelo sequestro e desaparecimento do estudante Hernán Abriata, em 1976, no auge dos anos de chumbo da ditadura argentina.
Há evidências de que, após ser torturado, Abriata foi jogado no Rio da Prata em um dos chamados "voos da morte". Neles, os considerados "subversivos" eram atirados vivos na água, sob o efeito de sedativos e com pesos nos pés. Até hoje, continuam aparecendo restos desses corpos. Estima-se que a ditadura argentina tenha desaparecido com mais de 20 mil pessoas.
A Sorbonne emitiu um comunicado dizendo que o fato de Sandoval ter feito parte de seu corpo docente colocava uma nuvem negra sobre a instituição e que, por conta disso, deseja colaborar com a Justiça. A luta por sua extradição durou oito anos e foi dificultada pelo fato de Sandoval ser cidadão francês. Como os crimes foram cometidos antes de ele obter a cidadania, porém, a Justiça francesa aceitou extraditá-lo.
Desde 2003, quando o ex-presidente Néstor Kirchner derrubou os indultos e anistias concedidos após a ditadura e passou a adotar a interpretação do Estatuto de Roma de que crimes de Estado contra a humanidade não prescrevem, os julgamentos contra repressores ganharam novo impulso. Hoje, há mais de 700 condenados.
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO