O Parlamento iraquiano aceitou, após uma votação ontem, a renúncia do primeiro-ministro Adel Abdul Mahdi, depois de semanas de intensas manifestações. O Parlamento vai pedir ao presidente do país que aponte um novo primeiro-ministro.
Segundo a Constituição, o presidente Barham Ahmed Salih deve consultar o maior partido do Legislativo para formar um novo governo - o que pode levar semanas. Adel Abdul Mahdi anunciou na sexta-feira que apresentaria sua renúncia ao Parlamento do país.
A entrega do cargo do premiê aconteceu depois que o principal líder xiita do Iraque, o aiatolá Ali al-Sistani, ter pedido aos legisladores que reconsiderassem o apoio a um governo abalado por manifestações violentas. Nas últimas semanas, conflitos mataram mais de 400 pessoas, sobretudo ativistas, e representam a maior crise no Iraque dos últimos anos, desde a derrota do Estado Islâmico, em 2017. O anúncio da renúncia, porém, não arrefeceu a pressão de manifestantes, que protestam contra falta de emprego, de serviços e corrupção no governo.
Os iraquianos voltaram às ruas no sábado, bloqueando estradas em Bagdá e no Sul do país, onde uma estação de polícia foi cercada em Nassiriya e, em Diwaniya, milhares reivindicam "a queda do regime".
Forças de segurança têm usado munição real, gás lacrimogêneo e granadas contra os manifestantes. Na quinta-feira passada, aconteceu um dos episódios mais violentos dos protestos, quando forças de segurança iraquianas mataram ao menos 45 pessoas a tiros quando manifestantes invadiram e incendiaram o consulado do Irã durante a noite, na cidade de Najaf, sede do clero xiita iraquiano.