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Internacional

- Publicada em 21 de Outubro de 2019 às 12:07

Mortes no Chile vão a 11 e chefe da defesa diz que 'não está em guerra com ninguém'

País vive onda de protestos violentos desde sexta-feira contra aumento nas tarifas de metrô

País vive onda de protestos violentos desde sexta-feira contra aumento nas tarifas de metrô


JAVIER TORRES/AFP/JC
"Veja, sou um homem feliz e a verdade é que não estou em guerra com ninguém", respondeu o general Javier Iturriaga del Campo, responsável por retomar a ordem nas ruas do Chile na manhã desta segunda-feira (21).
"Veja, sou um homem feliz e a verdade é que não estou em guerra com ninguém", respondeu o general Javier Iturriaga del Campo, responsável por retomar a ordem nas ruas do Chile na manhã desta segunda-feira (21).
A fala de Iturriaga contradiz a postura do presidente Sebástian Piñera. "Estamos em guerra contra um inimigo poderoso, implacável, que não respeita nada, nem ninguém, e está disposto a usar a violência e o crime sem nenhum limite", disse na noite de domingo (20). "Mas vamos ganhar esta batalha."
O Chile vive uma onda de protestos violentos desde sexta-feira (18). Os manifestantes questionavam a alta da tarifa do metrô de Santiago, além de apresentarem outras demandas. Várias estações foram destruídas e houve saques a supermercados.
Na manhã desta segunda, o governo informou que 11 pessoas morreram em protestos e incêndios. Foram três vítimas no sábado (19) e oito no domingo. E cerca de 1.500 pessoas foram detidas.
Na entrevista coletiva, Iturriaga informou ainda que ao menos 16 supermercados em Santiago funcionarão nesta segunda-feira (21). Ele pediu que as pessoas tentem voltar à rotina normal e disse que o início da manhã foi "um despertar lento de uma cidade em paz".
Iturriaga, 53, tem se tornado o rosto do Exército nesta crise no Chile. Ele foi nomeado comandante da Defesa Nacional durante o estado de emergência decretado na madrugada de sábado.
Em uma entrevista coletiva logo após o anúncio do presidente, ele apareceu na TV com boina preta, símbolo de um batalhão de operações especiais, e uniforme camuflado, para uso em campo. Falou sobre as medidas, como a necessidade de autorização para a realização de reuniões em espaços públicos, com voz calma e pausada. Sua postura, com as mãos à frente do corpo, era contida.
A imprensa chilena o descreve como um homem duro e reservado, de poucas palavras, mas capaz de colocar ordem nas coisas. E como um militar em ascensão nos últimos anos.
Sua nomeação foi recebida com alguma surpresa. Esperava-se que um general responsável pela região de Santiago, onde o estado de emergência entrou em vigor, fosse assumir o comando da situação. Iturriaga é comandante da Educação e Doutrina do Exército, responsável por todas as instituições militares de ensino do país.
Ele entrou no Exército em 1980. Formado como oficial de Estado-Maior, comandou várias brigadas e setores militares. Em 2014, atuou como adido militar do Chile no Brasil.
Em 2017, chefiou a operação de combate aos incêndios florestais em Santa Olga e ganhou visibilidade. Foi decretado estado de catástrofe em algumas regiões, e ele ficou responsável pelo comando militar da situação.
No ano seguinte, foi promovido a general de divisão. Sua nomeação ocorreu em meio a um escândalo de fraudes no Exército chileno. Suspeitos de participarem de desvios de verbas, 21 generais foram aposentados pelo governo e substituídos por novos nomes.
Esta é a primeira vez que os militares vão para as ruas para conter um protesto popular desde 1990, quando chegou ao fim a ditadura do general Augusto Pinochet, marcada por crimes como tortura e desaparecimento de opositores.
A família Iturriaga é suspeita de ter participado dessas ações. O general Dante Iturriaga, pai de Javier, foi acusado de levar presos a um centro de tortura na época da ditadura. E Pablo Iturriaga, seu tio, investigado por participar do sumiço do ex-clérigo Omar Venturelli, que foi jogado ao mar.
Folhapress
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