A Turquia deu início, ontem, a um ataque contra a minoria curda no Nordeste da Síria, dois dias após o governo dos EUA afirmar que não iria impedir a ação e retirar seus soldados da região. Segundo representantes dos curdos, bombardeios atingiram alvos militares e civis em cidades perto da fronteira, incluindo Qamishli, Ras al-Ayn e Tel Abyad, além de Ain Issa, que fica a 50 quilômetros da divisa.
As Forças Democráticas Sírias (SDF), grupo liderado pelos curdos, afirmaram que já há registro de dois civis mortos e dois feridos em decorrência dos ataques aéreos, que foram realizados por 25 jatos turcos. O grupo disse, ainda, que a situação no local é de "pânico generalizado". Especialistas temem que a ação cause uma crise humanitária e milhares de pessoas fujam das cidades próximas à fronteira.
O início dos ataques foi anunciado pelo presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que afirmou que o objetivo é acabar com o que ele chamou de um "corredor do terror". A Turquia afirma que a região, na fronteira Sul de seu território, cria um espaço para a ação de grupos terroristas. Erdogan ameaçava havia meses invadir a área onde vive a minoria curda, mas a operação tinha o veto de Washington.
O caminho ficou livre depois que as forças norte-americanas começaram a deixar a região, sob uma ordem abrupta da Casa Branca. No domingo, Erdogan conversou por telefone com o presidente Donald Trump, e pediu que Washington não interferisse na ação. Na segunda-feira, Trump anunciou que as tropas não iriam se envolver, abrindo espaço para a invasão. A decisão foi considerada uma traição aos curdos, aliados de Washington na guerra civil que assola a Síria desde 2011.