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América Latina

- Publicada em 10 de Outubro de 2019 às 03:00

Indígenas lideram greve geral no Equador

Manifestantes marcharam contra as reformas econômicas de Moreno

Manifestantes marcharam contra as reformas econômicas de Moreno


MARTIN BERNETTI/AFP/JC
Uma greve geral convocada por grupos indígenas que se opõem ao presidente do Equador, Lenín Moreno, provocou o bloqueio de estradas, paralisações no transporte público e o fechamento do comércio em Quito e em outras cidades do país ontem.
Uma greve geral convocada por grupos indígenas que se opõem ao presidente do Equador, Lenín Moreno, provocou o bloqueio de estradas, paralisações no transporte público e o fechamento do comércio em Quito e em outras cidades do país ontem.
A Confederação Nacional Indígena do Equador (Conaie) reuniu 6 mil indígenas nos arredores da capital equatoriana para pedir a renúncia de Moreno. Eles marcharam desde pontos da Amazônia e da Cordilheira dos Andes em protesto contra as reformas econômicas de Moreno, que levaram ao aumento de 123% no preço dos combustíveis.
Em Guaiaquil, para onde transferiu a sede do governo depois de decretar estado de exceção em consequência dos protestos, Moreno descartou renunciar e revogar as medidas, anunciadas após um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) no valor de
US$ 42 bilhões. O presidente também rejeitou diálogo com os grupos indígenas. "Não tenho motivos para renunciar, pois estou tomando as decisões corretas", disse.
Pela manhã, os militares, que apoiam Moreno, pediram que a greve ocorresse sem violência. Nos últimos dias, ao menos 700 pessoas foram presas nos protestos contra o presidente, que assumiu o governo em 2017 e se distanciou do padrinho político, o ex-presidente Rafael Correa, ao adotar uma política econômica pró-mercado.
A Conaie acusou o governo de atuar como uma ditadura militar ao reprimir os protestos. Na noite de terça-feira, o presidente decretou toque de recolher em alguns bairros de Quito que abrigam prédios públicos, depois de um grupo de manifestantes ter invadido a Assembleia Nacional.
"O governo tem dado dinheiro aos bancos e punido os equatorianos mais pobres", disse o presidente da Frente Unida dos Trabalhadores, Messias Tatamuez, um dos sindicatos que apoiou a paralisação.

Protestos do tipo já derrubaram três presidentes na década de 1990

Historicamente, os grupos indígenas têm um papel de protagonistas na política equatoriana. Durante a instabilidade dos anos 1990 e 2000, a Conaie apoiou a destituição dos presidentes Jamil Mahuad, Abdalá Bucaram e Lucio Gutiérrez. Na época, o Equador teve oito presidentes em dez anos.
Com a chegada de Correa ao poder, em 2007, o país viveu um período de estabilidade econômica graças ao boom das commodities e das políticas sociais do presidente, que reformou a Constituição para se reeleger.
No começo do mandato, Correa se aproximou de lideranças indígenas. Adotou símbolos quéchuas - etnia da maioria dos indígenas do país - em seus discursos e aparições públicas, e aprovou leis de interesse da comunidade.
A partir do segundo mandato, a exploração mineral da Amazônia equatoriana abriu uma cisão entre Correa e a Conaie. Uma marcha similar à atual foi convocada contra o presidente, em 2015.
Em 2017, Correa surpreendeu a todos ao desistir da reeleição e indicar Moreno, que foi seu vice-presidente. Depois de eleito, Moreno se aproximou da oposição e rompeu ligações com Correa. Hoje, acusa o ex-presidente de tentar derrubá-lo. Já Correa chama o antigo pupilo de traidor.