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Nações Unidas

- Publicada em 24 de Setembro de 2019 às 03:00

Macron critica ausência do Brasil na Cúpula do Clima

Presidente francês afirmou que busca 'soluções políticas' para seguir adiante

Presidente francês afirmou que busca 'soluções políticas' para seguir adiante


JOHANNES EISELE/AFP/JC
Sem a presença oficial do Brasil, o presidente da França, Emmanuel Macron, liderou, ontem, a principal reunião sobre o futuro da Amazônia, em Nova Iorque. O encontro acontece em meio à agenda da Cúpula do Clima na Organização das Nações Unidas (ONU). O presidente Jair Bolsonaro chegou à cidade no começo da tarde desta segunda-feira, e Macron criticou a ausência do governo brasileiro na conferência. "Vamos falar francamente. Estamos discutindo tudo isso sem o Brasil presente. O Brasil é bem-vindo. Todos nós queremos trabalhar", disse o francês, afirmando que busca "soluções políticas" para seguir adiante.
Sem a presença oficial do Brasil, o presidente da França, Emmanuel Macron, liderou, ontem, a principal reunião sobre o futuro da Amazônia, em Nova Iorque. O encontro acontece em meio à agenda da Cúpula do Clima na Organização das Nações Unidas (ONU). O presidente Jair Bolsonaro chegou à cidade no começo da tarde desta segunda-feira, e Macron criticou a ausência do governo brasileiro na conferência. "Vamos falar francamente. Estamos discutindo tudo isso sem o Brasil presente. O Brasil é bem-vindo. Todos nós queremos trabalhar", disse o francês, afirmando que busca "soluções políticas" para seguir adiante.
Macron convidou para a reunião governadores brasileiros integrantes do consórcio dos estados da Amazônia. O governador do Amapá, Waldez Goés (PDT), disse que o consórcio da Amazônia Legal, presidido por ele, participaria da reunião como ouvinte e confirmou que havia a expectativa de que os estados amazônicos pudessem discursar, o que não se concretizou.
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Em seu discurso, Macron afirmou que as florestas tropicais estão desaparecendo rapidamente e que as queimadas têm aumentado. Complementou dizendo ter legitimidade para liderar as discussões em função da Guiana Francesa, e criticou a postura do Brasil em relação ao Fundo Amazônia. "Vamos falar do Fundo Amazônia. O Brasil não está levando a sério esses critérios", ressaltou o francês, citando a suspensão das doações de Alemanha e Noruega.
A chanceler alemã, Angela Merkel, também discursou no evento, mencionando os investimentos na floresta. Sem citar especificamente o Brasil ou a suspensão do Fundo Amazônia, destacou que os doadores devem cobrar metodologia para garantir resultados. "Como disse Macron, não estamos aqui só para dar dinheiro (...). Precisamos estabelecer uma metodologia que seja aprovada para dar resultados", observou.
Presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk pediu união aos países pela preservação e reforçou que as nações europeias estão dispostas a financiar projetos para a floresta. Segundo ele, as recentes queimadas na região tiraram o mundo da "letargia".
"Queimadas em florestas são uma tragédia. Não importa o tamanho. Precisamos desse choque para sair do estado de letargia. Não quero dar lição de moral em ninguém. Nossa história é desmatamento para criar indústria, mas queremos ajudar a manter a floresta. Até as crianças sabem da importância das florestas para o futuro", ressaltou Tusk.
O Banco Mundial, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a ONG Conservação Internacional decidiram doar US$ 500 milhões adicionais para o reflorestamento da Amazônia e de outras florestas tropicais, divulgou ontem a presidência francesa. Nos bastidores da reunião, uma autoridade confirmou que a França vai contribuir com
US$ 100 milhões.
O Brasil, que possui 60% da maior floresta tropical do mundo, tenta convencer o restante do planeta que está com a situação sob controle, depois que a propagação de incêndios florestais causaram uma crise internacional em agosto. Também participam da reunião os presidentes da Colômbia, Iván Duque; do Chile, Sebastián Piñera; e da Bolívia, Evo Morales.

'Se vocês falharem, nós nunca vamos perdoá-los', diz jovem ativista sueca Greta Thunberg

A adolescente sueca Greta Thunberg, de 16 anos, fez, ontem, seu mais contundente discurso cobrando líderes mundiais a agirem contra as mudanças climáticas. "Como vocês ousam?", perguntou, várias vezes, sobre a inação dos países em reduzir suas emissões de gases de efeito estufa, durante a abertura da Cúpula do Clima.
"Isso tudo está errado. Eu não deveria estar aqui, deveria estar na escola, do outro lado do oceano. Como vocês ousam? Vocês roubaram os meus sonhos e minha infância com palavras vazias", disse.
"Pessoas estão sofrendo, morrendo, ecossistemas inteiros estão entrando em colapso, temos extinções em massa. E vocês vêm aqui falar de contos de fada de dinheiro e crescimento econômico", continuou a jovem ativista, que se transformou em uma das principais vozes no mundo a pedir ações contra as mudanças climáticas.
Greta começou, em agosto do ano passado, um movimento silencioso, faltando às aulas nas sextas-feiras para pedir ao governo sueco ações mais efetivas. Seus atos influenciaram jovens em todo o mundo, que engrossaram as "Fridays for Future". Na sexta-feira, eles tomaram as ruas em todo o mundo, em um protesto que se acredita ter atraído 4 milhões de pessoas. Greta, já em Nova Iorque, foi um dos destaques da marcha na cidade, que atraiu cerca de 250 mil pessoas, segundo os organizadores.
"Por mais de 30 anos, a ciência tem sido muito clara. E como vocês ousam não olhar, vir aqui e dizer que estão fazendo o suficiente?", declarou na cúpula da ONU, convocada pelo secretário-geral da organização, Antonio Guterres.
"Se vocês escolherem falhar, nós nunca perdoaremos vocês. Não vamos deixar vocês escaparem disso. Aqui e agora é quando riscamos a linha. O mundo está acordando, e a mudança está chegando, gostem vocês ou não", continuou Greta, arrancando lágrimas da plateia.
Ela estava na abertura da cúpula juntamente com a brasileira Paloma Costa, advogada de questões ambientais, que também se manifestou com palavras fortes: "Nós não vamos trabalhar com empresas que desmatam, não vamos ficar quietos. Mudamos nossos hábitos, mas vocês não estão seguindo a gente. O mundo inteiro orou pela floresta, mas não precisamos de orações, precisamos de ações", disse a brasileira.
Guterres, que abriu a conferência pedindo que os países tomem posições ambiciosas para evitar que o planeta aqueça 3°C até o final do século, endossou os jovens: "O mais interessante nesse movimento da juventude é ver que eles estão ganhando consciência e fazendo com que o mundo se comprometa. Mais ainda, que eles estão no dia a dia trabalhando para encontrar soluções. Os depoimentos que ouvimos aqui são de jovens fazendo o que precisa ser feito".