Após um sábado de protestos marcados pela violência policial, milhares de manifestantes voltaram às ruas de Hong Kong ontem. Eles bloquearam as vias de acesso ao aeroporto da cidade utilizando barricadas, para chamar a atenção à reivindicação por mais democracia.
"Se interferirmos no aeroporto, mais estrangeiros lerão as notícias de Hong Kong", afirmou um jovem manifestante de 20 anos, que preferiu não se identificar. O aeroporto de Chek Lap Kok é um dos mais movimentados e eficientes do mundo, acessível via pontes e trens. O acesso via trem foi suspenso, e ao menos 16 voos foram cancelados.
Pela manhã, os operadores do trem Airport Express, que liga o Centro de Hong Kong ao aeroporto, interromperam os serviços, enquanto os manifestantes - que esconderam os rostos das câmeras de segurança com o uso de guarda-chuvas - construíram barricadas na estação do aeroporto e tentaram interromper o trânsito na principal estrada de acesso aos terminais. Impedidos de atravessar as pontes e de utilizar o transporte público, passageiros tiveram que caminhar até o aeroporto, que fica em uma pequena ilha.
Não é a primeira vez que os manifestantes pró-democracia escolhem o aeroporto como palco para protestos. Há três semanas, um dos terminais foi bloqueado e houve repressão policial. Desde então, ativistas pró-democracia foram proibidos de entrar no aeroporto.
Embora as autoridades tenham proibido expressamente os atos, já é rotineiro que manifestantes ignorem as restrições impostas pelo governo. De acordo com a polícia, 63 pessoas foram presas.
O sábado foi um dos dias mais tumultuados desde o início das movimentações pró-democracia, em junho. Autoridades da área de saúde informaram que 31 pessoas foram internadas em hospitais após os confrontos do dia anterior, incluindo cinco em estado grave.
Um vídeo, publicado pelo fotógrafo Pakkin Leung, mostra a polícia agredindo ativistas e ameaçando disparar balas de borracha dentro de um vagão de trem. As imagens mostram um homem que tentava proteger uma amiga sendo atingido por gás de pimenta. Ele chora, de joelhos. Em seguida, os agentes abandonam o local sem efetuar detenções.
A Anistia Internacional pede que a repressão policial seja investigada. Em nota, a entidade afirmou que mesmo que manifestantes sejam violentos com a polícia, isso não é uma desculpa para que revidem aleatoriamente.