Após sair vencedor das eleições primárias, o candidato de oposição à presidência da Argentina, Alberto Fernández, respondeu às críticas feitas contra ele pelo presidente Jair Bolsonaro e chamou o brasileiro de racista e misógino.
Fernández, que tem como vice em sua chapa a ex-mandatária Cristina Kirchner, surpreendeu ao vencer a disputa primária com 47% dos votos, uma vantagem de quase 15 pontos sobre o segundo colocado, o atual presidente do país, Mauricio Macri, que tem apoio declarado de Bolsonaro.
Em entrevista ao programa de TV argentino Corea del Centro, o oposicionista disse que o presidente brasileiro é "um racista, um misógino e um violento que é a favor da tortura". E acrescentou: "Que alguém assim fale mal de mim é algo que eu celebro".
O argentino defendeu, ainda, o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e afirmou que gostaria de dizer a Bolsonaro que "Lula deveria estar livre para poder concorrer a uma eleição com ele". Fernández citou ainda o ministro da Justiça, Sérgio Moro: "Como posso acreditar na sentença de um juiz que depois vira ministro do candidato que era rival de Lula?".
O argentino visitou no início da julho o ex-presidente brasileiro na prisão em Curitiba. O petista é um aliado histórico dos kirchneristas.
Na segunda-feira, Bolsonaro lamentou a vitória da oposição nas primárias argentinas e afirmou que o Rio Grande do Sul pode se transformar em Roraima caso Cristina, vice na chapa liderada por Fernadéz, volte ao poder, comparando a Venezuela de Nicolás Maduro à Argentina.
Roraima vem recebendo número crescente de venezuelanos que fogem da crise econômica, que se arrasta desde 2015 e não dá sinais de arrefecimento. Existem mais de 30 mil cidadãos do país vizinho vivendo em Roraima, um estado de 576 mil habitantes. O governo diz que o estado abriga ao menos 40 mil venezuelanos.