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América do Sul

- Publicada em 09 de Agosto de 2019 às 03:00

Nicolás Maduro quer protesto contra bloqueio dos Estados Unidos

Presidente da Venezuela chamou população para 'jornada mundial' neste sábado

Presidente da Venezuela chamou população para 'jornada mundial' neste sábado


FRANCISCO BATISTA/PRESIDENCIA VENEZUELA/AFP/JC
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, convocou para este sábado o que chamou de uma "jornada mundial" em protesto contra a decisão dos Estados Unidos de congelar todos os ativos do governo venezuelano em território norte-americano. "Uno-me ao apelo feito pelo Grande Polo Patriótico e pelo Congresso Bolivariano dos Povos e faço-o meu, a uma grande jornada mundial de protesto contra o bloqueio de Donald Trump, no próximo sábado, 10 de agosto", disse.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, convocou para este sábado o que chamou de uma "jornada mundial" em protesto contra a decisão dos Estados Unidos de congelar todos os ativos do governo venezuelano em território norte-americano. "Uno-me ao apelo feito pelo Grande Polo Patriótico e pelo Congresso Bolivariano dos Povos e faço-o meu, a uma grande jornada mundial de protesto contra o bloqueio de Donald Trump, no próximo sábado, 10 de agosto", disse.
Maduro falou em Caracas, no Panteão Nacional, durante atos que marcaram os 200 anos da Batalha de Boyacá, que representou o fim do domínio espanhol sobre Nova Granada, atual Colômbia. "Os povos do mundo protestam contra Donald Trump?", questionou. "Já basta de bloqueio e agressão à Venezuela."
O presidente venezuelano pediu a máxima mobilização popular, de todos os setores produtivos do país, das instituições do Estado e dos militares para condenar o bloqueio, as agressões e a ingerência norte-americana nos assuntos internos do país. Ele quer que o protesto seja feito também por meio das redes sociais Facebook, Instagram e Twitter. "Façamos livre a Venezuela e vejamos como a América Latina toma o caminho à liberdade", acrescentou.
Os Estados Unidos anunciaram, na segunda-feira, o congelamento de todos os ativos do governo venezuelano, uma decisão que traduz a escalada das tensões com Maduro. A proibição aos norte-americanos de fazer quaisquer negócios com Caracas também entrou em vigor imediatamente. Por conta disso, Jorge Rodríguez, um dos homens fortes do governo e chefe da delegação que vinha dialogando com a oposição em Barbados, divulgou, na noite de quarta-feira, um comunicado afirmando que não compareceria às reuniões marcadas para esta quinta e sexta-feira.
Já o ministro de Relações Exteriores, Jorge Arreaza, declarou que a decisão de Washington "põe em risco os processos petrolíferos da Venezuela", ao dificultar "a importação de partes e peças" e a obtenção de diluentes e o transporte internacional. Arreaza garantiu, no entanto, que a Venezuela continuará "firme" em busca de novas alternativas. "Perante esses ataques, já estamos preparados. Criamos caminhos alternativos, porque não cederemos em nenhuma situação", assegurou.

Guerrilhas colombianas aliciam menores na fronteira com a Venezuela, diz ONG

Entre Venezuela e Colômbia, há sete passagens oficiais de fronteira. E, pelo menos, 300 irregulares, muitas delas controladas por policiais venezuelanos, que liberam a passagem mediante propina, e guerrilheiros colombianos, que, em alguns pontos, só permitem o acesso ao seu território se o imigrante chegou ali com uma indicação pessoal.
Essas informações fazem parte de um relatório publicado nesta quinta-feira pela Human Rights Watch (HRW), organização que visitou a região de Catatumbo, na Colômbia, em abril. Ali, três grupos de guerrilheiros disputam um território onde há plantações de coca, intimidam moradores e tiram vantagem de refugiados.
Há cerca de 25 mil venezuelanos na região, segundo estimativas da ONU. Catatumbo fica nos arredores de Cúcuta, cidade fronteiriça por onde o líder opositor Juan Guiadó, autoproclamado presidente da Venezuela, tentou, sem sucesso, forçar a entrada de alimentos e remédios em seu país, em fevereiro.
O trabalho nas plantações de coca atrai venezuelanos, mas eles só são aceitos como empregados se tiverem a indicação de alguém do local. E, caso o estrangeiro cometa algum delito, a punição será dada a quem o indicou. Como muitos venezuelanos não possuem permissão de trabalho na Colômbia, temem denunciar abusos e serem deportados.
"Com o acordo de paz de 2016 e a desmobilização das Farc, houve um vácuo de poder que não foi ocupado pelo governo", diz Patrícia (nome fictício), uma das autoras do relatório que pediu anonimato, pois voltará à região em breve para novas ações. "Então o ELN (Exército de Libertação Nacional) e o EPL (Exército Popular de Libertação) dominaram a área." O terceiro grupo é formado por remanescentes das Farc, que, hoje, é um partido político.
A HRW conversou com cerca de 80 pessoas e analisou mais de 500 registros oficiais de abusos e crimes. Por medo ou ameaças, mais de 40 mil deixaram a região desde 2017. Em 2018, ao menos 231 pessoas foram assassinadas. É comum que um grupo mate alguém por suspeitar de colaboração com uma milícia rival ou com o governo.
Um dos pontos mais sensíveis é a tentativa de aliciar crianças e jovens para a guerrilha, seja na luta armada ou no trabalho nas plantações. Há, ainda, relatos de ao menos 37 crimes sexuais.
O cenário de violência inclui também a instalação de minas terrestres. Em fevereiro, durante um jogo de futebol, um professor foi buscar a bola em um terreno próximo e acabou pisando em uma, perdendo o pé na explosão.
A Human Rights Watch acusa o governo colombiano de se omitir. "Mesmo se um cadáver aparece na rua, as autoridades não fazem nada. A sensação é que ali é uma terra de ninguém", afirma Patrícia.