Por semanas, representantes do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e o líder da oposição, Juan Guaidó, tem avançado em negociações diplomáticas em Barbados para tentar chegar a um acordo para acabar com o impasse político e permitir o fim de uma das maiores crises da história da Venezuela. As reuniões são envoltas em mistério, com nenhum dos dois lados divulgando detalhes.
Os defensores de Maduro estão acusando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de tentar implodir o frágil processo, com a imposição de novas sanções que congelam os ativos do governo de Maduro nos EUA e até ameaçam punir empresas de países que continuarem fazendo negócios com o chavismo. "Eles estão tentando dinamitar o diálogo", disse o ministro das Relações Exteriores, Jorge Arreaza, em uma coletiva ontem, para denunciar os comentários do conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, John Bolton, defendendo o congelamento de ativos. "Mas ninguém, nem mesmo mil Trumps ou 500 Boltons nos farão abandonar a mesa de negociações."
Com base no seu papel de facilitadora do processo de paz na Colômbia, a Noruega conseguiu, em maio, superar uma profunda desconfiança de ambos os lados e reunir chavismo e oposição em Oslo. Desde então, as tratativas foram transferidas para a ilha caribenha de Barbados, onde a quinta rodada terminou na semana passada.
Apesar de nenhum dos lados falar muito sobre o que está sendo discutido, especula-se que os enviados de Maduro expressaram a disposição de convocar uma eleição presidencial antecipada sob uma comissão eleitoral renovada e com a participação de observação estrangeira. Os EUA insistiram que Maduro deve desistir do poder antes que qualquer eleição possa ser considerada legítima.
Maduro, embora enfraquecido pelas sanções e cada vez mais isolado internacionalmente, ainda conta com o apoio de poderosos aliados, como a Rússia e a China. Ele também tem o apoio das Forças Armadas, árbitro tradicional das disputas na Venezuela. Nem os militares, nem os EUA participam das negociações, embora o principal objetivo de Maduro seja a remoção das sanções norte-americanas.
Já o ímpeto de Guaidó parou desde que ele se declarou presidente interino, reconhecido pelos EUA e outras 50 nações, que viram como fraudulenta a reeleição de Maduro no ano passado. As manifestações no início do ano, que encheram as ruas de Caracas, diminuíram, e um levante militar convocado por ele em abril fracassou, com vários legisladores da oposição em fuga ou no exílio.