O autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, afirmou ontem que a proposta do presidente Nicolás Maduro de antecipar as eleições legislativas é "puro cinismo e não vai resolver a crise" que assola o país. Na segunda-feira, Maduro sugeriu antecipar as eleições para a Assembleia Nacional, dominada pela oposição e presidida por Guaidó. A votação estava prevista para 2020.
O chavista, no entanto, não determinou uma data específica, dando a impressão de que a declaração é mais uma provocação aos opositores do que uma medida efetiva. Maduro lançou o desafio durante um ato no Palácio de Miraflores pelo aniversário de um ano de sua reeleição à presidência.
A Assembleia atual, de maioria opositora, foi eleita em 2015, e seu mandato de cinco anos termina em dezembro do próximo ano. Maduro questionou o resultado em 2017 e convocou eleições para a Assembleia Nacional Constituinte (ANC), uma entidade que seria superior hierarquicamente à Assembleia Nacional. O chavismo ganhou as eleições, e a ANC é controlada por apoiadores de Maduro.
"É cínico sugerir que está disposto a submeter-se a uma eleição quando ele roubou todo o processo em 2018", acrescentou Guaidó, referindo-se às eleições de maio do ano passado, quando Maduro foi eleito em votação considerada fraudulenta pela oposição e diversos governos.