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França

- Publicada em 17 de Maio de 2019 às 03:00

Ex-líder do ETA é preso após 17 anos foragido

Ternera cumprirá pena na França por participação em organização terrorista

Ternera cumprirá pena na França por participação em organização terrorista


ROMAIN LAFABREGUE/AFP/JC
Ex-líder do grupo separatista basco ETA, José Antonio Urrutikoetxea Bengoetxea, conhecido como Josu Ternera, de 68 anos, foi preso nesta quinta-feira em Sallanches, nos Alpes franceses, perto das fronteiras de Suíça e Itália.
Ex-líder do grupo separatista basco ETA, José Antonio Urrutikoetxea Bengoetxea, conhecido como Josu Ternera, de 68 anos, foi preso nesta quinta-feira em Sallanches, nos Alpes franceses, perto das fronteiras de Suíça e Itália.
Condenado em um julgamento à revelia (no qual não esteve presente), o basco, que está com câncer, poderá apresentar um pedido para que o processo se repita ou aceitar a pena que lhe foi imposta. Por já ter sido julgado, Ternera não será apresentado diante de um juiz de instrução, mas irá diretamente para uma prisão francesa para cumprir os oito anos da sentença recebida em 2017, fixada por um tribunal de Paris por participação em organização terrorista.
Ternera estava foragido há 17 anos, desde que foi intimado pela Justiça da Espanha a depor sobre sua suposta participação no atentado a um quartel de Zaragoza (Nordeste do país), que matou 11 pessoas (incluindo seis crianças), em 1987. À época, ele cumpria mandato como deputado no Parlamento regional.
A facção independentista, criada no fim dos anos 1950 em resistência à ditadura de Francisco Franco, lutava pela independência da região do País Basco, no Norte da Espanha, e é apontada como responsável por mais de 800 mortes até a sua declaração de armistício, em 2011. Seis anos depois, o ETA entregou suas armas e, em maio de 2018, anunciou a dissolução. Ternera foi o responsável por gravar a "declaração final".
A prisão ocorreu por causa de uma condenação pela Justiça francesa, não espanhola. Em 2017, um tribunal de Paris fixou pena de oito anos de reclusão para o basco por participação em organização terrorista. Não há ordem de prisão em seu país de origem.
 

Basco teve forte influência na estratégia de terror do grupo

Com grande influência dentro do grupo, Ternera liderou o ETA de 1977 a 1992. De acordo com analistas, nesse período, ele privilegiou a estratégia do terror para forçar o governo espanhol a negociar com o separatismo basco. Especialistas atribuem ao líder separatista a condução dos atentados com carros-bomba.
Ternera foi eleito deputado pelo Herri Batasuna, partido nacionalista radical basco considerado por muitos o braço político do grupo. Também participou das fracassadas negociações de paz em 1989, na Argélia. Em 2002, fugiu depois de ter sido convocado pelo Tribunal Supremo para depor sobre o atentado de 1987.
Na clandestinidade, participou das negociações com o governo durante uma trégua em 2006, mas foi afastado por integrantes da linha mais dura do grupo. O processo fracassou: em dezembro de 2006, o ETA explodiu uma bomba no aeroporto de Madri, que matou duas pessoas, e, em junho de 2007, deu por encerrado o cessar-fogo.