Um general que foi próximo a Hugo Chávez se rebelou contra Nicolás Maduro e pediu às Forças Armadas da Venezuela que se levantem contra o presidente, que tem contado com o apoio dos militares para se manter no poder, apesar do grave colapso econômico no país. Ramón Rangel disse que o governo venezuelano está sendo controlado pela "ditadura comunista de Cuba".
"Eu apelo à Força Armada Nacional Bolivariana para aderir ao Artigo 328 (aprovado em 1999, atribui aos militares 'a manutenção da ordem interna e a participação ativa no desenvolvimento nacional'). Não vamos continuar dizendo 'sempre leais, traidores, nunca', porque estamos sendo traidores, traidores de uma Constituição Nacional", afirmou.
Formado pela Escola de Aviação em 1987, Rangel foi um dos militares que participou da frustrada tentativa de golpe contra o então presidente Carlos Andrés Pérez, em 27 de novembro de 1992 (falecido, Pérez foi presidente entre 1974 e 1979, e entre 1989 e 1993). Na ocasião, a Venezuela passava por uma grave crise econômica, e Chávez e outros quatro tenentes-coronéis do Exército mobilizaram oficiais na Operação Zamora para tentar derrubar o governo.
As forças de Pérez controlaram a rebelião, e Chávez e seus aliados - entre eles, Rangel - se entregaram e acabaram presos. A revolta não rendeu frutos, mas catapultou Chávez à vitória eleitoral.
Em sua declaração, Rangel não expressou apoio explícito a Juan Guaidó - o líder da oposição que invocou a Constituição em janeiro para reivindicar a presidência interina, argumentando que a reeleição de Maduro, no ano passado, foi fraudulenta. Assim como outros oficiais que abandonaram o presidente, ele fugiu para a Colômbia no mês passado. Apesar das deserções, o alto escalão das Forças Armadas continua a reconhecer Maduro como presidente.