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Venezuela

- Publicada em 03 de Maio de 2019 às 03:00

Confrontos na Venezuela entram no terceiro dia com quatro mortes

Maduro marchou com militares em Caracas, para reafirmar apoio

Maduro marchou com militares em Caracas, para reafirmar apoio


/JHONN ZERPA/AFP/JC
Os protestos da oposição na Venezuela entraram no terceiro dia, nesta quinta-feira, com quatro mortes confirmadas, segundo a ONG Observatorio de Conflictos. Na véspera, o autoproclamado presidente interino Juan Guaidó reafirmou ter respaldo internacional e apoio de militares. Além disso, pediu para que os venezuelanos continuem nas ruas pressionando para que o presidente Nicolás Maduro deixe o poder.
Os protestos da oposição na Venezuela entraram no terceiro dia, nesta quinta-feira, com quatro mortes confirmadas, segundo a ONG Observatorio de Conflictos. Na véspera, o autoproclamado presidente interino Juan Guaidó reafirmou ter respaldo internacional e apoio de militares. Além disso, pediu para que os venezuelanos continuem nas ruas pressionando para que o presidente Nicolás Maduro deixe o poder.
Por sua vez, nesta quinta-feira, Maduro realizou uma marcha militar em Caracas, para reafirmar o apoio das tropas ao seu governo. O ato foi transmitido por cadeia de rádio e TV e também por redes sociais. As imagens mostram milhares de soldados no forte Tiuna, base militar na capital. Havia cerca de 4.000 militares no ato, segundo o site Notícias Venezuela.
Antes da marcha, Maduro fez um discurso ao vivo, em rede nacional. "Sim, estamos em combate. Máxima moral para desarmar a qualquer traidor e golpista. Querem colocar um presidente com metralhadoras e fuzis e violar a Constituição", disse.
Na quarta-feira, dia da mais forte repressão por parte do governo, Guaidó prometeu realizar ações diárias até a queda de Maduro, incluindo uma greve escalonada dos trabalhadores da Venezuela. "Amanhã (quinta-feira), vamos seguir a proposta que nos fizeram de paralisações escalonadas, até conseguir uma greve geral", afirmou.
"Agora vamos todos falar com os militares. Vamos todos somar com a causa, assim como os funcionários públicos. A partir desta quinta-feira, com a faixa azul, que representa dizer a eles que já basta", disse Guaidó, em referência ao pedaço de pano azul amarrado nos braços que está sendo usado por soldados para identificar sua lealdade à oposição. Guaidó se declarou presidente interino da Venezuela em janeiro, sob interpretação da Constituição de que Maduro não é um presidente legítimo porque houve fraude nas eleições de 2018.

Justiça venezuelana ordena prisão do líder oposicionista Leopoldo López

O Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela revogou nesta quinta-feira a sentença de prisão domiciliar proferida contra o líder oposicionista Leopoldo López, em fevereiro de 2014. Para o 5° Tribunal de Execução Criminal de Caracas, ele violou as condições estabelecidas de fazer pronunciamentos políticos por quaisquer meios para que fizesse jus ao benefício.
Na terça-feira, o autodeclarado presidente Juan Guaidó afirmou ter concedido "indulto presidencial" a López. Mais tarde, ele esteve na embaixada do Chile em Caracas e seguiu para a representação diplomática da Espanha, onde permanece desde então, junto com a esposa e a filha.

Grupo de Lima pressionou ONU por posicionamento contra o governo

Na segunda-feira, um dia antes da escalada da crise na Venezuela, representantes do Grupo de Lima se reuniram em Nova Iorque com António Guterres, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), e pediram uma posição firme contra o governo de Nicolás Maduro.
Saíram decepcionados. Sem autorização concedida pelo Conselho de Segurança da ONU para uma atuação assertiva, Guterres se diz amarrado ao funcionamento da própria organização e tem adotado uma postura de imobilismo criticada tanto por apoiadores do presidente venezuelano quanto por defensores do líder oposicionista Juan Guaidó.
Durante o encontro, integrantes do bloco formado por 14 países, entre eles o Brasil, queriam que o secretário-geral tomasse medidas para garantir ajuda humanitária e aumentasse a pressão sobre Maduro, reforçando, inclusive, o pedido dos EUA de cassar as credenciais venezuelanas na ONU.
A avaliação de oficiais responsáveis por discutir o tema é que a capacidade de atuação política de Guterres é limitada. Isso porque, afirmam, qualquer resolução mais objetiva é tomada pelo Conselho de Segurança, hoje com 15 países-membros, cinco deles permanentes e com poder de veto. Além de França e Reino Unido, estão entre os que podem frear decisões Estados Unidos, Rússia e China - que estão de lados opostos quando o assunto é Venezuela.
Até agora, a atitude de Guterres em relação à crise foi colocar-se à disposição para ajudar no diálogo, caso haja interesse de ambas as partes. Após os eventos de terça-feira, quando Maduro reagiu à tentativa de Guaidó de depô-lo, a ONU apenas emitiu um comunicado em que Guterres dizia estar acompanhando os protestos com atenção.
Desde o início do ano, a Venezuela entrou na pauta das Nações Unidas e desencadeou uma acirrada disputa de poder entre dois blocos liderados pelas principais potências mundiais: o primeiro sob comando dos EUA de Donald Trump - contrário a Maduro - e o segundo chefiado por Rússia e China, que sustentam o governo venezuelano.
Os norte-americanos já convocaram três reuniões no Conselho de Segurança para tratar de Venezuela, algo que nunca havia ocorrido até então, mas têm visto suas investidas contra Maduro pararem na trava colocada por russos e chineses. Em uma das ocasiões, o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, apresentou projeto para que a ONU reconhecesse Guaidó como presidente da Venezuela - 50 países já o fizeram, inclusive o Brasil -, mas a resolução foi vetada por Rússia e China.