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Internacional

- Publicada em 05 de Abril de 2019 às 03:00

Crise humanitária na Venezuela leva a catástrofe no sistema de saúde

Com dificuldades para conseguir mantimentos, moradores vivem em condições precárias

Com dificuldades para conseguir mantimentos, moradores vivem em condições precárias


FEDERICO PARRA/AFP/JC
A ONG Human Rights Watch pediu, em relatório divulgado nesta quinta-feira, que o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, seja mais enfático ao expressar a necessidade de que organismos e países estrangeiros entrem na Venezuela levando mantimentos. As informações são da Agência FolhaPress.
A ONG Human Rights Watch pediu, em relatório divulgado nesta quinta-feira, que o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, seja mais enfático ao expressar a necessidade de que organismos e países estrangeiros entrem na Venezuela levando mantimentos. As informações são da Agência FolhaPress.
Segundo o relatório, a Venezuela sofre de uma "emergência humanitária complexa", termo usado pela própria ONU e que "dá a Guterres autoridade para negociar a entrada no país por se tratar de uma urgência". O estudo foi elaborado com dificuldades, já que o governo venezuelano não fornece estatísticas confiáveis há alguns anos.
O levantamento da ONG, em parceria com pesquisadores da Universidade Johns Hopkins, dos EUA, valeu-se de 150 entrevistas, a maioria com profissionais da área de saúde que deixaram o país e médicos que, sob anonimato, mandaram de Caracas e outras cidades dados sobre desnutrição, mortalidade materna e infantil, epidemias e outros problemas. O texto afirma que as autoridades vêm se mostrando incapazes de conter a crise e até mesmo "a exacerbaram por meio de esforços para suprimir informações sobre a escala e a urgência da situação".
Em fevereiro, o presidente Nicolás Maduro impediu a entrada de toneladas de alimentos, remédios e itens de primeira necessidade enviados pelos EUA que chegariam pelas fronteiras com o Brasil e a Colômbia. A operação havia sido articulada pelo oposicionista Juan Guaidó, que se autodeclarou presidente interino do país. Tamara Taraciuk Broner, pesquisadora da Human Rights Watch, ressalta que o relatório não trata a questão de forma política. "Não faz diferença quem seja a autoridade no comando, a emergência humanitária é um problema grave que tem de ser atacado agora."
O documento registra o aumento do número de mortes maternas e infantis, a disseminação de doenças que poderiam ser contidas com vacinas e o aumento dos casos de malária e tuberculose. Também chama a atenção para os altos níveis de insegurança alimentar entre adultos e para a desnutrição infantil. "Não importa o quanto tentem, as autoridades não podem esconder a realidade", diz Shannon Doocy, professora de Saúde Internacional da Johns Hopkins. "O sistema de saúde da Venezuela está em colapso, o que, com a escassez de alimentos, está aumentando o sofrimento e colocando ainda mais venezuelanos em risco."
Segundo estimativas, 7 milhões de pessoas enfrentam necessidade imediata de atenção médica e alimentar. Entre as medidas que a Human Rights Watch pede que sejam tomadas por Guterres está pressionar mais as autoridades para que concedam ao pessoal da ONU acesso total a "estatísticas oficiais sobre doenças, epidemiologia, segurança alimentar e nutrição".
Alguns dados coletados mostram o agravamento de certos problemas. Por exemplo, entre 2008 e 2015, havia sido registrado, oficialmente, apenas um caso de sarampo. De junho de 2017 para cá, já são mais de 9,3 mil. Algo parecido ocorre com a difteria: entre 2006 e 2015, havia apenas um caso; de julho de 2016 para cá, são mais de 1,5 mil. Segundo a Organização Mundial de Saúde, os casos de malária subiram de 36 mil, em 2009, para 414 mil em 2017. Dados do Ministério da Saúde da Venezuela indicam que a mortalidade materna aumentou 65%, e a infantil, 30% em relação a 2015.
 
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