Palestinos em Gaza se manifestam contra o Hamas

Os moradores da Faixa de Gaza voltaram a protestar, mas, desta vez, o alvo é o Hamas, o grupo islamita que controla o enclave palestino desde 2006. Na semana passada, centenas de pessoas protestaram - sob o mote "queremos viver" - contra a elevação do custo de vida, causado em parte por um aumento de impostos. As forças de segurança do Hamas reprimiram o movimento, agredindo e prendendo manifestantes. As informações são da Folha de S.Paulo.

O Hamas acusa a facção rival Fatah, que governa partes da Cisjordânia, de provocar os protestos para causar instabilidade. "Nós enfatizamos nosso apoio a manifestações pacíficas, mas não deixaremos que os protestos sejam explorados para provocar o caos", declarou Iyad al-Buzom, um porta-voz do Hamas.

Os protestos contra Israel foram cancelados na semana passada, em parte devido à onda de descontentamento com o Hamas. Mas havia também o temor de uma escalada da violência: há uma semana, Israel bombardeou alvos na Faixa de Gaza após o disparo de dois foguetes em direção a Tel Aviv.

Protestos no território palestino são rotineiros, mas são raras as demonstrações de dissenso contra o Hamas. Há um ano, moradores vêm organizando manifestações próximas à fronteira com Israel para exigir o direito de retornar a suas casas - mais de 70% dos habitantes são refugiados. Israel têm respondido aos protestos com gás lacrimogêneo e munição letal, em ações que podem constituir crimes de guerra, conforme a Organização das Nações Unidas (ONU). Nos últimos meses, mais de 250 manifestantes foram mortos e 6 mil ficaram feridos.

O território de Gaza vive uma crise econômica e humanitária aguda. Segundo a ONU, cerca de 53% dos moradores vivem na miséria, e mais de 49% estão desempregados. Desde 2007, Israel e Egito bloqueiam suas fronteiras. Gaza, que tem cerca de um quarto da área da cidade de São Paulo, concentra 2 milhões de habitantes.