Reino Unido quer adiar o Brexit para 30 de junho

O governo britânico pediu ontem à União Europeia (UE) um adiamento de três meses da data de saída do bloco, o Brexit, marcado para 29 de março, anunciou a primeira-ministra Theresa May à Câmara dos Comuns. "Eu escrevi esta manhã (ontem) para o presidente (do Conselho Europeu) Donald Tusk informando-o que o Reino Unido quer uma extensão do artigo 50 (que rege a partida de um país-membro) até 30 de junho", explicou May para os deputados.

Quase três anos após a votação popular que decidiu pela saída do Reino Unido da União Europeia, os políticos do país ainda debatem como, quando e se o divórcio será colocado em prática. Muitos esperavam que a extensão fosse significativamente mais longa. No entanto, membros do Partido Conservador, de May, temem que um adiamento longo do Brexit possa fazer com que ele jamais ocorra.

O Partido Trabalhista, de oposição, disse que, ao optar por um adiamento curto, a premiê está forçando o Parlamento a decidir entre aceitar um acordo já rejeitado duas vezes ou sair sem acordo. O pedido deve ser debatido pela UE hoje e amanhã. Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, disse que o bloco fez muito para acomodar os interesses britânicos e que não pode ir mais além. "Não haverá renegociações ou garantias adicionais além daquelas que já foram dadas", disse Juncker.

Segundo informações exclusivas da agência Reuters, a Comissão Europeia se opôs a estender a permanência do Reino Unido na UE até 30 de junho. Em uma nota sobre o Brexit revisada pela comissão em sua reunião semanal realizadas às quartas-feiras, as autoridades afirmaram que o encontro entre os demais líderes da UE e May em cúpula marcada para hoje enfrenta uma escolha "binária" entre uma curta extensão do Brexit para antes de 23 de maio ou um adiamento mais longo, até ao menos o final de 2019, com o Reino Unido obrigado a realizar uma eleição em 23 de maio para o Parlamento Europeu.

"Qualquer extensão oferecida ao Reino Unido deve durar até 23 de maio de 2019 ou ser significativamente mais longa e demandar eleições europeias", disse o documento. "Essa é a única forma de proteger o funcionamento das instituições da UE e a sua capacidade de tomar decisões."

Estados do bloco que deveriam receber cadeiras legislativas a mais após o Brexit precisariam tomar conhecimento até meados de abril se não teriam mais acesso às vagas devido à permanência do Reino Unido. A nota também dizia que, em qualquer permanência estendida, o Reino Unido deveria, "em espírito de lealdade", comprometer-se com questões fundamentais, como o orçamento de longo prazo da UE e o preenchimento dos cargos.