Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Venezuela

- Publicada em 21 de Fevereiro de 2019 às 22:30

Fronteira com a Venezuela é fechada e tensões com o Brasil aumentam

Nicolás Maduro anunciou a decisão ao lado de seus chefes militares

Nicolás Maduro anunciou a decisão ao lado de seus chefes militares


/MARCELO GARCIA/VENEZUELAN PRESIDENCY/AFP/JC
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou na tarde desta quinta-feira que vai fechar a fronteira com o Brasil. O anúncio foi feito durante uma videoconferência com representantes de forças militares das oito regiões venezuelanas. Conforme o governador de Roraima, Antonio Denarium, a fronteira terrestre entre os dois países foi fechada às 15h desta quinta-feira, seis horas antes do que havia sido anunciado por Maduro. Denarium disse ainda não ter informações sobre eventual corte de energia no estado, já que ela é oriunda da Venezuela.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou na tarde desta quinta-feira que vai fechar a fronteira com o Brasil. O anúncio foi feito durante uma videoconferência com representantes de forças militares das oito regiões venezuelanas. Conforme o governador de Roraima, Antonio Denarium, a fronteira terrestre entre os dois países foi fechada às 15h desta quinta-feira, seis horas antes do que havia sido anunciado por Maduro. Denarium disse ainda não ter informações sobre eventual corte de energia no estado, já que ela é oriunda da Venezuela.
Maduro também avalia o fechamento total com a Colômbia. O anúncio vem dois dias antes da data marcada por opositores para a entrada da ajuda humanitária enviada pelos EUA. O líder realizou no início da tarde desta quinta-feira uma videoconferência com a Equipe Nacional das Forças Armadas (FAN) e os Comandantes do REDI, para verificar a prontidão operacional de todas as unidades militares do país.
Em um outro campo das discussões acerca da crise venezuelana, os EUA querem que o Brasil use força militar para entregar ajuda humanitária à Venezuela. As informações são da Agência Folha. A área de Defesa brasileira resiste à ideia por temer que a situação escale para um conflito e também vetou a sugestão de que soldados americanos participassem da operação.
O chamado cerco humanitário ao regime chavista de Nicolás Maduro é uma das formas de pressão que os EUA e seus aliados montaram para tentar tirar o presidente do poder. O líder opositor Juan Guaidó, reconhecido pela coalizão integrada pelos EUA e pelo Brasil como o presidente interino do país vizinho, pediu que a ajuda comece a ser enviada no próximo sábado.
A Colômbia, que abriga cerca de mil militares norte-americanos, já começou a montar seu centro de distribuição de ajuda perto da cidade fronteiriça venezuelana de Cúcuta. Ali, a Força Aérea dos Estados Unidos opera livremente, mas Maduro bloqueou a ponte de Tienditas, que liga os dois países, para a passagem de remédios e alimentos. Há o temor de um confronto entre militares de lado a lado.
Nas últimas semanas, os EUA fizeram gestos para aumentara a pressão sobre o Brasil para uma cooperação semelhante à colombiana. O Palácio do Planalto informou que a operação na região já é feita em coordenação com os norte-americanos, mas descartou o envolvimento físico de Washington ou de militares brasileiros - remédios e alimentos serão transportados em veículos venezuelanos com motoristas. Segundo a Folha apurou, o Departamento de Estado dava como certa inclusive a presença de tropas norte-americanas na operação no Brasil, devido aos primeiros contatos sobre o tema com o chanceler Ernesto Araújo.
O ministro é um admirador do presidente Donald Trump, a quem considera a esperança do Ocidente contra uma suposta conspiração marxista de governos de esquerda e ativistas internacionalistas. Há duas semanas, ele se encontrou com o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, em Washington, e voltou a ouvir o pedido por maior cooperação na semana seguinte, em reunião com o chefe do Comando Militar Sul dos Estados Unidos, almirante Craig Faller, em Brasília. Segundo pessoas próximas das conversas, tanto a participação norte-americana quanto a maior incisividade militar foram colocadas na mesa. Procurado, o Itamaraty não comentou esse aspecto, afirmando apenas que o governo está se esforçando para coordenar ajuda aos venezuelanos.

Guaidó começa caravana à fronteira colombiana

O líder opositor Juan Guaidó, reconhecido pela coalizão integrada pelo Brasil como presidente interino da Venezuela, iniciou, nesta quinta-feira, uma caravana em direção à fronteira com a Colômbia. O objetivo é percorrer 900 quilômetros e receber a ajuda humanitária enviada ao país. Segundo Guaidó, brigadas de voluntários irão buscar a ajuda em pontos dos estados de Táchira e Bolívia, no Sul. Em alguns trechos, houve confronto entre simpatizantes de Guaidó e as forças de segurança do governo de Nicolás Maduro.
Partiram também do leste de Caracas ônibus com um grupo de deputados da Assembleia Nacional, de maioria opositora. Os parlamentares dizem ter um plano alternativo caso não consiga permissão de seguir adiante.

Bolsonaro envia Mourão à Colômbia para discutir crise

Diante da crise instalada com o fechamento da fronteira terrestre do Brasil com a Venezuela, o presidente Jair Bolsonaro escalou o vice-presidente Hamilton Mourão para viajar a Bogotá, na Colômbia, e participar da reunião do Grupo de Lima na segunda-feira.
O Palácio do Planalto trata o ato do venezuelano como uma retaliação à autorização, dada por Bolsonaro nesta semana, para que opositores ao governo de Maduro usem território brasileiro para fazer chegar ajuda humanitária à Venezuela. Interlocutores do presidente afirmaram que o objetivo de Maduro é desencorajar o governo brasileiro a levar o plano adiante.
Em reunião na Colômbia, na segunda-feira, representantes dos países do Grupo de Lima discutirão os desdobramentos da crise venezuelana.
O grupo é formado por 14 países das Américas, dos quais apenas o México não reconhece Juan Guaidó como presidente interino.
O encontro diplomático, que terá a participação do vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, ocorrerá dois dias após a data estabelecida por Guaidó para o início da entrada de ajuda humanitária na Venezuela.
Maduro foi reeleito em maio de 2018 para um novo mandato de seis anos, em um pleito quase que totalmente boicotado pela oposição e considerado fraudulento por observadores internacionais.
Por isso, a Assembleia Nacional não reconheceu o novo mandato e considerou que a presidência estava vaga. Assim, indicou Guaidó para ocupar interinamente o cargo até que novas eleições livres sejam realizadas - o opositor se declarou presidente interino em 23 de janeiro.
Ao escalar Mourão para lidar com a crise venezuelana, Bolsonaro esvazia o poder de seu chanceler, Ernesto Araújo, que vinha se encontrando com lideranças da oposição a Maduro. Araújo defende um engajamento maior do Brasil no esforço de fazer chegar alimentos e medicamentos à Venezuela, algo que preocupa a ala militar do governo Bolsonaro. Na avaliação de Mourão, segundo interlocutores, a situação na Venezuela é extremamente delicada, e o alinhamento automático do Brasil à estratégia dos EUA de forçar a entrada de ajuda pode ter consequências graves para o País.
O vice-presidente está preocupado com um possível incidente na fronteira durante a tentativa de passagem do comboio da ajuda humanitária. Além disso, Roraima é um estado que depende de energia vendida pela Venezuela, outra situação que poderia levar a retaliações de Maduro.
General do Exército, Mourão tem familiaridade com a Venezuela, por já ter servido como adido militar em Caracas.