Após um esboço da declaração política conjunta sobre o Brexit entre a União Europeia (UE) e o Reino Unido vazar e circular por toda a imprensa internacional, a primeira-ministra britânica, Theresa May, fez um pronunciamento à imprensa se dizendo "confiante" sobre chegar a um acordo "final" para a retirada e os contornos da relação futura na reunião extraordinária do Conselho Europeu no próximo domingo. "Este acordo é entre o Reino Unido e a Comissão Europeia. Agora, cabe aos demais 27 líderes (dos Estados-membros do bloco) examiná-lo", ela disse.
Uma questão determinante para a sobrevivência da declaração conjunta na cúpula daqui a três dias é uma solução para o impasse com a Espanha em torno de Gibraltar, o território britânico no Sul da Península Ibérica, que sequer foi citado no documento sobre a relação futura. Sem se referir à omissão, May afirmou que conversou ao telefone na quarta-feira à noite com o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, e confia na finalização de um acordo "que entregue para toda a família do Reino Unido, incluindo Gibraltar". O território se tornou um impasse com a Espanha, que pleiteia seguir negociando bilateralmente como Reino Unido em torno do status da localidade.
Mais tarde, em depoimento ao Parlamento britânico, a primeira-ministra garantiu que, segundo o esboço da declaração sobre a relação futura com a União Europeia após o Brexit e o acordo de retirada, Londres poderá negociar acordos comerciais com outros países durante o período de transição e colocá-los em vigor imediatamente após a consumação do divórcio. Também garantiu que "a soberania de Gibraltar será preservada" e que Londres não trocará concessões na sua política de pesca por concessões de Bruxelas no comércio.
"Este foi o melhor acordo que o Reino Unido poderia ter", garantiu a premiê, insistindo que o trato "traz de volta o controle sobre as fronteiras, o dinheiro e as leis". May informou também que terá uma reunião em Bruxelas no sábado com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, para "concluir o processo no interesse de todos os nossos povos".
O pré-acordo aborda a questão da fronteira entre a Irlanda, que faz parte da UE, e a Irlanda do Norte, parte do Reino Unido, considerando o uso de "tecnologias" para evitar uma fronteira dura, após os britânicos deixarem o bloco único em março de 2019. O texto prevê "arranjos alternativos" à solução emergencial ao assunto, sem apontar mais detalhes.