Os incêndios que atingem o estado da Califórnia, nos Estados Unidos, seguem fora de controle. O rastro de destruição já deixou ao menos 31 mortos e mais de 200 desaparecidos, além de ter obrigado mais de 250 mil pessoas a abandonarem suas casas.
A fuga em massa de milhares de moradores simultaneamente causou grandes engarrafamentos nas pequenas estradas que servem ao interior do estado e ao menos nove morreram dentro dos carros, enquanto tentavam escapar das chamas. São três incêndios ao mesmo tempo, sendo o mais grave deles o Camp, ao Norte, que no domingo se tornou o mais mortal da história da Califórnia, igualando um recorde de 1993, com 29 mortos. Cerca de 150 mil pessoas seguem desalojadas em todo o estado.
Ao Sul, na região de Los Angeles, são outros dois incêndios, sendo o maior o Woosley, que deixou dois mortos - ambos encontrados carbonizados em um carro próximo a Malibu. O outro é o Hill, o único que está próximo de ser controlado, segundo os bombeiros. Juntos, os três já consumiram uma área de 809 km2, um pouco maior do que o município de Campinas, em São Paulo.
O Camp, sozinho, é responsável por 441 km2 de destruição (equivalente ao município de Sorocaba), a maior parte disso em Paradise, uma cidade de 27 mil habitantes que foi quase inteiramente consumida pelo fogo. A prefeita Jody Jones foi uma das pessoas que ficou presa no trânsito durante a fuga em massa, mas conseguiu escapar ilesa para a cidade vizinha de Chico, apesar de o trajeto que normalmente dura 20 minutos ter sido feito em quatro horas.
O maior problema é que apenas uma estrada de quatro vias, a Skyway, liga o município ao restante do estado - situação que se repete com Malibu, ao Sul, onde pessoas também enfrentaram engarrafamento durante a retirada. Com isso, o tráfego na rodovia parou, e moradores ficaram presos no meio do fogo. Um cenário semelhante já tinha acontecido em junho de 2017 durante o incêndio que atingiu o vilarejo de Pedrógão Grande, em Portugal, quando diversos carros foram encontrados carbonizados nas estradas.
Os bombeiros, até o momento, conseguiram conter 25% do incêndio no Norte da Califórnia, que destruiu 6,7 mil casas, mas a previsão de um aumento dos ventos na região pode piorar a situação.
A Califórnia vive uma onda recente de incêndios de grandes proporções. Em agosto, o Mendocino Complex, também ao Norte, tornou-se o maior da história do estado, atingindo uma área de 1.148,5 km2 (equivalente à cidade do Rio de Janeiro), enquanto uma série de incêndios deixou 44 mortos em 2017.
E a tendência é a situação piorar nos próximos dias, em especial no Sul do estado, onde o Woosley está apenas 10% contido. A previsão do tempo para região, com clima seco e fortes ventos, pode contribuir para dificultar o trabalho, disse Ken Pimlott, chefe do Departamento de Combate ao Incêndio do estado.