As mulheres bateram recordes nas eleições legislativas norte-americanas deste ano e se tornaram uma das esperanças dos democratas para conquistar a maioria na Câmara dos Deputados - no Senado, a tarefa é mais complicada.
Marcadas para hoje, as midterms, como são conhecidas as eleições que ocorrem na metade do mandato presidencial nos EUA, tiveram, neste ano, dois marcos importantes. É o pleito com maior número de inscritas para disputar uma vaga na Câmara (476, ante 298 em 2012) e no Senado (53, contra 40 em 2016). Dessas pré-candidatas, 256 venceram as primárias dos seus partidos - 234 para a Câmara e 22 ao Senado, outro recorde. Caso eleitas, 2018 caminha para ser o novo "Ano das Mulheres", epíteto associado a 1992, quando 28 candidatas saíram vitoriosas, recorde que nunca foi quebrado.
Para a cientista política Lori Cox Han, o fenômeno pode ser explicado por dois fatores. Primeiro, a insatisfação com o governo Donald Trump, especialmente entre as democratas, que são maioria entre as candidatas, com 43% das inscrições. Entre os republicanos, são apenas 13%.
Além disso, um grande número de candidatos não tentou reeleição desta vez - os políticos que se candidatam a um novo mandato costumam ter vantagem. "Isso dá às mulheres uma oportunidade ainda maior para entrar na política", afirma Cox Han.
Apesar do resultado expressivo, a realidade ainda é árida, já que elas representam apenas 11,5% do total de candidatos democratas e republicanos ao Congresso. Não é um retrato muito diferente do que existe hoje, no qual elas são uma em cada cinco congressistas.
Neste ano, além do recorde de candidaturas, há outras histórias que chamam a atenção. Como a da republicana Marsha Blackburn, que se alinhou com Trump e pode se tornar a primeira senadora pelo Tennessee. Em Massachusetts, a democrata Ayanna Pressley também busca deixar sua marca, caso se transforme na primeira deputada negra do estado.
No ano em que o movimento #MeToo amplificou as vozes de vítimas de assédio sexual, um episódio deve servir de combustível à participação eleitoral: a nomeação do juiz conservador Brett Kavanaugh à Suprema Corte, acusado de abuso sexual. Episódio semelhante energizou eleitoras a irem às urnas em 1992: a acusação de assédio sexual contra o hoje juiz Clarence Thomas durante o seu processo de confirmação, no ano anterior.