A Rússia anunciou que irá entregar, nas próximas duas semanas, sistemas antiaéreos avançados à Síria, colocando-se em uma rota de conflito com Israel. O premiê Benjamin Netanyahu conversou com o presidente Vladimir Putin, alertando que a segurança do Oriente Médio corre risco com a decisão. O assessor de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Bolton, criticou o que chamou de "escalada significativa" por parte dos russos.
Segundo o ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, Moscou não pode tolerar mais episódios como a derrubada de um avião de patrulha Il-20, ocorrida na segunda-feira da semana passada e que matou 15 militares do país. O Il-20 foi abatido por um míssil antiaéreo sírio, mas o Kremlin culpa a atividade de caças-bombardeiros israelenses na região por ter atraído o avião à linha do fogo amigo. Inicialmente, a crise parecia ultrapassada. Putin considerou o episódio um acidente, e o chefe da Força Aérea israelense foi a Moscou se explicar. Mas tudo mudou após a declaração de Shoigu.
Analistas apontam duas possibilidades em relação à fala do ministro de Defesa russo: ou o Kremlin está fazendo apenas uma ameaça para pressionar Israel a reduzir sua atividade contra o regime de Bashar al-Assad, ou, de fato, vai dar instrumentos para que os sírios efetivamente possam proteger seus ativos militares. Se for em frente, a Rússia entregará sistemas S-300, que têm um raio de ação de 300 quilômetros. Os russos já operam o sistema e seu irmão mais avançado, o S-400, na sua base no país árabe, mas até aqui era algo restrito à proteção de seus homens e equipamentos.