A câmara baixa do Parlamento espanhol aprovou, nesta quinta-feira, um decreto para exumar os restos mortais do ditador Francisco Franco do mausoléu onde está enterrado, perto de Madri. O decreto foi aprovado por 172 votos a favor, 164 abstenções e dois contrários.
O objetivo do governo socialista é remover os restos do Vale dos Caídos até o final do ano. A decisão provoca divergências políticas no país, que tem dificuldades para lidar com questões do passado.
Para concretizar a medida, que tem a oposição da família do ditador e da oposição conservadora, o governo do premiê Pedro Sánchez optou por apresentar um decreto-lei. Após a exumação, a solução lógica será enviar os restos mortais para o túmulo que a família Franco tem no cemitério El Pardo, na região de Madri. Sánchez defendeu a iniciativa poucos dias depois de chegar ao poder, alegando que um lugar como o Vale dos Caídos seria inimaginável em países como Alemanha ou Itália.
Desde 23 de novembro de 1975, três dias após sua morte, o corpo do general Franco está no Vale dos Caídos. O local, um complexo a 50 quilômetros de Madri, tem uma basílica com uma cruz de 150 metros de altura.
O militar, que governou o país de 1939 a 1975, está enterrado no altar da basílica sob uma laje sempre coberta por flores frescas, assim como o fundador do partido fascista Falange, José Antonio Primo de Rivera. No mesmo complexo, foram sepultados quase 27 mil combatentes franquistas e 10 mil opositores republicanos, motivo pelo qual o ditador apresentou o vale como um local de "reconciliação".
Os críticos, no entanto, o consideram um insulto às vítimas da repressão, porque os corpos dos republicanos, retirados de cemitérios e valas comuns, foram levados até o local sem o consentimento de suas famílias.