Novas cédulas de bolívar com menos cinco zeros entraram em circulação ontem na Venezuela, na primeira medida do plano de reformas econômicas do presidente Nicolás Maduro. Devido às incertezas, muitos estabelecimentos comerciais fecharam no fim de semana em Caracas e em outras cidades, enquanto os postos de gasolinas se encheram de filas diante de um anunciado aumento nos preços.
Maduro sustenta que a emissão das novas notas será o ponto de partida para uma "grande mudança". A maior será de 500 bolívares (cerca de US$ 7,00, ou R$ 27,00).
Na sexta-feira passada, o presidente anunciou a unificação das taxas de câmbio do país, que passa a ser atrelada a uma criptomoeda, por sua vez, ligada ao preço do petróleo. Com a medida, a moeda do país na prática foi desvalorizada em 96% em relação ao dólar. Também disse que o petro, a
criptomoeda criada por ele no início do ano, passa a definir, além do câmbio, também o salário-mínimo e as pensões. Um petro vai valer US$ 60,00 (R$ 235,00), ou 360 milhões de bolívares.
Outra medida anunciada foi o aumento do salário-mínimo em quase 3.500% a partir de 1 de setembro. Maduro informou que o governo cobrirá por um prazo de 90 dias o aumento salarial que pequenas e médias empresas devem fazer.
Henkel García, diretor da consultoria Econométrica, avaliou que o reajuste dos salários implicará um aumento de moeda em circulação, raiz da hiperinflação que, neste ano, será de 1.000.000%. Há dúvidas também sobre como exatamente o petro vai funcionar. O aumento do salário-mínimo, por sua vez, deve aumentar o desemprego, segundo economistas.
A reconversão colocada em prática ontem é a segunda em uma década, depois que o falecido presidente Hugo Chávez eliminou em 2008 três zeros e surgiu o "bolívar forte". Agora, surge o "bolívar soberano". Uma coalizão de líderes da oposição e de sindicatos da Venezuela convocou uma greve de 24 horas para hoje, em protesto contra o plano econômico.