Em uma tensa sessão do conselho permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA), ontem, o representante da Nicarágua, embaixador Luis Alvarado Ramírez, saiu em defesa do governo de Daniel Ortega e afirmou que o país está "diante de um golpe de Estado, que ocorre de forma paulatina e progressiva". No mesmo dia, o conselho permanente da OEA aprovou, com 21 votos a favor, três contrários e sete abstenções, uma dura resolução que condena a violência do governo, que deixou ao menos 285 mortos desde abril.
A situação da Nicarágua foi considerada "alarmante" pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), que visitou o país e denunciou "práticas de terror, com detenções em massa e assassinatos". O embaixador nicaraguense diz que a OEA não tem informações suficientes e acusou a oposição de manter "centros de tortura e assassinatos" e de ser responsável pela morte de policiais.
Os protestos começaram devido à reforma da Previdência, que retirava benefícios e aumentava contribuições, mas se fortaleceram com a repressão violenta. Opositores acusam Ortega, que foi um dos líderes da Revolução Sandinista (1979-1990), de ter se tornado um autocrata e pedem a renúncia do esquerdista, bem como a antecipação das eleições presidenciais, previstas para 2021.