A Justiça chilena condenou ontem nove militares da reserva pelo assassinato de Víctor Jara, em 1973. O cantor e ativista foi detido, torturado e assassinado com 44 tiros em um complexo esportivo em Santiago dias após o golpe militar que instalou no poder a ditadura do general Augusto Pinochet, em 11 de setembro daquele ano.
Dos nove condenados, oito foram sentenciados a 15 anos e um dia de prisão pelo assassinato de Jara e do ex-diretor prisional Littre Quiroga Carvajal. A pena do outro militar foi de cinco anos, por no acobertamento dos crimes.
Jara, na época com 40 anos, era um conhecido cantor, diretor teatral e professor universitário que simpatizava com o governo socialista de Salvador Allende, que foi deposto no golpe de 1973. Seu trabalho e a natureza da sua morte inspiraram tributos de artistas como Bruce Springsteen, The Clash e U2.
O cantor foi preso com alunos, colegas acadêmicos e diversos outros simpatizantes da esquerda em um complexo esportivo, que hoje leva o seu nome. Segundo testemunhas que também foram detidas na ocasião, as mãos de Jara foram esmagadas com o cano de uma arma e ele foi duramente espancado durante seu encarceramento. Durante a ditadura de Pinochet, que durou até 1990, cerca de 3.200 pessoas foram mortas, e 28 mil, torturadas pelo Estado chileno.