Andrés Manuel López Obrador (também conhecido por suas iniciais, AMLO) foi eleito domingo o novo presidente do México. Pela primeira vez, um político com experiência como líder social e olhar voltado para a esquerda governará o mais populoso país de língua espanhola, a segunda maior economia da América Latina.
A maior surpresa da noite, no entanto, veio dos rivais. Em apenas 45 minutos, sem qualquer anúncio oficial do Instituto Nacional Eleitoral, os adversários reconheceram a derrota.
A apuração provisória dava a Obrador 53,8% dos votos, uma larga vantagem sobre Ricardo Anaya, do Partido da Ação Nacional (PAN), com 22%, e José Antonio Meade, do Partido Revolucionário Institucional (PRI), com 16%. Ambas as siglas se revezavam há mais de 100 anos no poder.
Durante os sete meses de campanha, Obrador, de 64 anos, liderou com folga as pesquisas. Essa foi a terceira vez que disputou a presidência. Em 2006, ele perdeu para Felipe
Com a imagem dos partidos tradicionais no chão, Obrador fundou uma nova legenda, o Movimento da Regeneração Nacional (Morena), e moderou seu discurso.
Mesmo tendo 30 anos de carreira política - foi prefeito da Cidade do México de 2000 a 2005, com bom índice de aprovação -, conseguiu se colocar como candidato contrário ao establishment, uma posição confortável para surfar na onda de insatisfação popular.
A economia mexicana dá sinais de esgotamento. O peso vem perdendo valor, a inflação está em alta e a desigualdade, crescendo. Os índices de violência são alarmantes, o poder dos cartéis está em expansão e a população reclama da corrupção.
Um de seus desafios será lidar com Trump. Ontem, ambos conversaram por cerca de 30 minutos ao telefone. "Acho que a relação vai ser muito boa. Tivemos uma ótima conversa. Acho que vai tentar nos ajudar com a fronteira", afirmou Trump sobre um dos pontos de maior discórdia na relação entre os países: a construção de um muro na fronteira entre EUA e México.
Já Obrador informou que propôs "a análise de um acordo global, projetos de desenvolvimento que gerem empregos no México e, paralelamente, reduzam a migração e melhorem a segurança".
Além disso, Obrador afirmou apoiar a obtenção de um acordo na renegociação do Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta) com EUA e Canadá. No momento, as conversas estão paralisadas devido a demandas do governo Trump.