Um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgado ontem aponta que tanto os grupos rebeldes quanto as forças leais ao presidente Bashar al-Assad cometeram crimes de guerra entre fevereiro e abril de 2018, durante o conflito na região de Ghouta Oriental, na Síria. Segundo o documento de 23 páginas, as tropas do governo cometeram, ainda, crimes contra a humanidade durante o cerco ao local, à época um enclave rebelde próximo à capital, Damasco. Os militares sírios são acusados de bombardear a área e de, deliberadamente, fazer 265 mil pessoas que moravam na região passar fome.
Conquistada em 2013 pelos rebeldes, Ghouta foi alvo de um bloqueio do governo por cinco anos, o que dificultou a chegada de alimentos. A situação foi classificada pela ONU como "o cerco mais longo da história moderna". Uma ofensiva das forças leais a Assad, que começou em fevereiro, permitiu a retomada o controle do local em abril. Foi exatamente esse o período analisado, a pedido do Conselho de Direitos Humanos da entidade. As conclusões são baseadas em 140 entrevistas, fotografias, vídeos, imagens de satélites e registros médicos.
Conforme o documento, entre fevereiro e abril, os militares sírios usaram táticas, "em grande parte ilegais por natureza, visando punir os habitantes de Ghouta e obrigar a população coletivamente a se render ou morrer de fome". Forças aéreas sírias e russas - Moscou é aliada de Damasco - realizaram, ainda, ataques aéreos em áreas residenciais. Os bombardeios atingiram também hospitais.