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Meio ambiente

- Publicada em 23 de Abril de 2022 às 10:10

Levantamento geológico em Porto Alegre deve identificar 200 áreas de risco

Residências próximas ao arroio do Salso, no bairro Hípica, na Zona Sul, são atingidas pela água toda vez que chove de forma intensa

Residências próximas ao arroio do Salso, no bairro Hípica, na Zona Sul, são atingidas pela água toda vez que chove de forma intensa


ANDRESSA PUFAL/JC
Embora a redução de riscos de desastres seja um dever da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios previsto pela Lei nº12.608, a estimativa é que 44.632 porto-alegrenses vivam em 119 áreas de risco, de acordo com o mapeamento realizado pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM) entre 2012 e 2013. Com a meta de atualizar as informações antes de completar uma década, a nova versão do levantamento deve ser entregue até o final de 2022.
Embora a redução de riscos de desastres seja um dever da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios previsto pela Lei nº12.608, a estimativa é que 44.632 porto-alegrenses vivam em 119 áreas de risco, de acordo com o mapeamento realizado pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM) entre 2012 e 2013. Com a meta de atualizar as informações antes de completar uma década, a nova versão do levantamento deve ser entregue até o final de 2022.
Além do medo, há 22 anos, a aposentada Teresinha Casser enfrenta o risco direto de inundações no bairro Hípica, na Zona Sul de Porto Alegre. Localizada no final da rua e próxima ao arroio do Salso, a residência de Teresinha é atingida pela água toda vez que chove de forma intensa, situação que é potencializada pelo despejo de lixo no arroio. Da última vez, ainda antes da pandemia, Teresinha e o marido, Pedro Casser, perderam alimentos e parte do móveis, pois a água chegou na altura do joelho, indica a moradora. “Ainda bem que minha função com a sociedade eu já cumpri e me aposentei, mas se eu tivesse que trabalhar, não teria como”, lamenta.
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Há 22 anos, a aposentada Teresinha Casser e o marido, Pedro, enfrentam inundações no bairro Hípica. Foto: Andressa Pufal/JC
Das 119 áreas identificadas no mapeamento divulgado em 2013, o bairro Hípica é uma das regiões que passa pelo processo de atualização. Entre um mapeamento e outro, por meio da ação da Defesa Civil, algumas áreas de risco deixaram de existir, como é o caso da Vila das Laranjeiras, na Zona Leste, e o Bairro Arquipélago, na região das Ilhas. Nas duas situações, as famílias foram realocadas e as casas, demolidas, conforme o coordenador da Defesa Civil Municipal, Evaldo Rodrigues. “Nas ilhas no bairro arquipélago, sabemos que o risco é de inundação, as pessoas serão afetadas, mas não temos registro de óbitos, temos que partir para uma ação de regulamentação.”
No entanto, a situação hoje no bairro de Teresinha continua igual ao cenário encontrado no primeiro levantamento. “A prefeitura vem e fala o que deve falar, mas eles não cumprem. O que adianta?”, questiona. No entanto, a preocupação dos moradores começa antes da chuva. “Quando vemos que vai chover, já vamos no mercado e compramos coisas, não dá para sair depois”, comenta Casser.
Segundo a moradora, no bairro não há transporte público por conta da inundação. Conforme a quantidade de chuva, o terreno leva cerca de três a quatro dias para normalizar. “Que vocês (Defesa Civil e Serviço Geológico do Brasil) tenham êxito nessa batalha, porque ter uma velhice dentro da água não é bom não.”
Com os novos dados que estão sendo coletados, "a expectativa é que haja um aumento significativo das áreas de risco e o aumento da população que habita essas áreas”, explica a pesquisadora em Geociências, Débora Lamberty. De acordo com ela, nos últimos ano, Porto Alegre teve um aumento populacional muito grande, um adensamento que pode ser percebido a partir de imagens de satélite.

RS tem 848 áreas de risco, sendo 148 em nível muito alto

Com o objetivo de evitar vítimas fatais de danos causados por fenômenos ou processos naturais e/ou induzidos por ações humanas, o Serviço Geológico do Brasil realiza o mapeamento pelo País desde 2012. A iniciativa, que conta com a colaboração da Defesa Civil Municipal de cada região, identificou 848 áreas de risco no Rio Grande do Sul, das quais 148 são de risco muito alto.
As discussões sobre a atualização do mapa de áreas de risco na Capital começaram em março, quando órgãos da prefeitura estiveram reunidos para debater os passos mais relevantes para a realização do trabalho. Dessa vez, o levantamento será feito por bacias hidrográficas. Das 27 bacias de Porto Alegre, sete já foram mapeadas.
Através da visitação in loco, os pesquisadores Débora Lamberty, Angela Bellettini, Raquel Binotto e Renato Mendonça analisam os movimentos de massa, que incluem deslizamentos, quedas de blocos, rochas, corridas de massa e rastejo, e os processos hidrológicos que correspondem a inundações, enxurradas, voçorocas e erosão de origem fluvial, como é o caso do arroio do Salso.
Apesar do auxílio tecnológico para o acesso a imagens de drone, satélites e arquivos históricos, a equipe analisa o risco de cada local levando em consideração duas variáveis: o perigo apresentado pelo processo e a vulnerabilidade exposta. “Essa vulnerabilidade está relacionada com as pessoas e as suas residências, o quanto elas sofrem com as consequências do processo”, explica Débora.
Após a entrega do relatório pelo SGB e a divulgação do material pela Defesa Civil no primeiro trimestre de 2023, o município irá começar a elaboração de planos de ação em conjunto com a comunidade. Hoje, esse processo é realizado com base nos dados de 2013.
“Para aquelas famílias que o sistema não comporta, recomendamos que não ocupem essas áreas, divulgamos essas informações com o trabalho comunitário”, alerta Rodrigues.