Um ato organizado pelas Comissão da Frente Ampla e Carris Pública reuniu aproximadamente 100 pessoas em frente à Prefeitura de Porto Alegre, no final da manhã desta quarta-feira (14). Manifestantes distribuíram panfletos à população alertando sobre o impacto da
privatização da empresa, da saída gradual dos cobradores do quadro de funcionários e da regra de submissão a critérios de renda para o meio passe estudantil.
Em torno de meio-dia, uma comitiva acompanhada da deputada estadual Sofia Cavedon (PT) e dos vereadores Jonas Reis (PT), Karen Santos (PSol) e Leonel Radde (PT) foi recebida no Salão Nobre do Paço Municipal pelo secretário de Governança Local e Coordenação Política, Cassio Trogildo, o diretor-presidente da Carris, Maurício Gomes da Cunha, e o chefe de Gabinete do Prefeito, André Coronel. Os servidores reivindicam que seja retirado de tramitação na Câmara o Projeto de Lei do Executivo (PLE) 013/21, que prevê a desestatização da Companhia.
Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria de Governança, o governo explicou que "essa é uma parte das medidas de remodelação do transporte coletivo de Porto Alegre, pois o orçamento da prefeitura já não suporta a
continuidade de aportes financeiros necessários para manter o sistema atual". Também foram enviados ao Legislativo, projetos de lei de revisão das isenções tarifárias e sobre o Programa de Extinção Gradativa da Função de Cobrador do Transporte Coletivo por Ônibus, que também já estão em tramitação.
O encontro durou cerca de uma hora e meia, e outra reunião ficou de ser agendada para os próximos dias para tratar dos assuntos apresentados pela comissão dos servidores, desta vez com a presença de representantes da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana e da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), além da diretoria e da associação de funcionários da Carris.
Até lá, a posição da prefeitura será dar continuidade ao projeto de desestatização da empresas. Durante a tarde, o assunto foi pauta no legislativo municipal e, segundo Karen Santos, passou por duas sessões de discussão na Câmara. "Agora vai para as comissões, que podem ser convocadas conjuntas, e depois está apto para ser votado", resume a parlamentar.
"Sabemos que a Carris é viável e pode ser autossustentável, só precisa ser bem gerida", argumentou a cobradora e integrante da Comissão da Frente Ampla, Rosângela Machado, que junto com outras cerca de 20 pessoas seguiu para a frente da Câmara de Vereadores para protestar contra o PLE 013/21. "Se ocorrer a extinção da Carris, os moradores de bairros periféricos e mais pobres é que vão sofrer mais, pois as empresas visam o lucro e não irão atender locais distantes por causa da quilometragem", destacou Rosângela.
Os servidores prometem continuar fazendo movimentos, a exemplo de uma vigília que será montada na semana que vem, e já se cogita a ideia de greve. "O projeto de lei foi enviado para a Câmara sem estudo de impacto financeiro e, além disso, têm diversas irregularidades e ilegalidades na gestão do transporte da cidade que estão impactando negativamente a Carris", destaca a vereadora do Psol. "O atual governo não tem uma alternativa que reduza o valor da passagem e qualifique o transporte, e todos os projetos que estão tramitando vão dificultar ainda mais o acesso ao transporte, além de impactar no aumento de desemprego em plena crise econômica, que não vai passar após a pandemia."
Nesta terça-feira (13) o prefeito pediu ao Tribunal de Contas uma análise para apurar a regularidade das revisões tarifárias e o cumprimento dos contratos desde 2015, quando foi realizada a licitação do transporte público. Em paralelo, o titular da pasta de Governança destaca que a comunicação do governo com os servidores da empresa e com a população da cidade tem acontecido. "Estamos dialogando permanentemente com os trabalhadores da Carris e com a sociedade de Porto Alegre sobre a pauta da mobilidade humana, essa é uma prioridade do prefeito Melo", afirma Trogildo.