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Geral

- Publicada em 10 de Julho de 2021 às 11:03

Vacinação deve impulsionar matrículas no ensino superior em 2022

Falta de convívio tem pesado bastante na escolha, principalmente entre os jovens de 18 a 20 anos

Falta de convívio tem pesado bastante na escolha, principalmente entre os jovens de 18 a 20 anos


CRISTINA QUICLER/AFP/JC
Faculdades e universidades particulares esperam, principalmente a partir do ano que vem, uma retomada das matrículas no ensino superior, impactadas pela pandemia. O levantamento Observatório da Educação Superior: análise dos desafios para 2021 - 3ª edição, divulgado na semana passada, mostra que a vacinação é um dos principais fatores que dão segurança aos estudantes e elevam a intenção de começar os estudos.
Faculdades e universidades particulares esperam, principalmente a partir do ano que vem, uma retomada das matrículas no ensino superior, impactadas pela pandemia. O levantamento Observatório da Educação Superior: análise dos desafios para 2021 - 3ª edição, divulgado na semana passada, mostra que a vacinação é um dos principais fatores que dão segurança aos estudantes e elevam a intenção de começar os estudos.
A pesquisa mostra que 39% dos entrevistados que tomaram pelo menos a primeira dose do imunizante contra a Covid-19 desejam começar a graduação ainda em 2021, no próximo semestre, e 41% no início de 2022. Entre os jovens que ainda não foram vacinados, apenas 16% responderam que têm intenção de começar seus cursos no meio do ano e 43% vão aguardar o próximo ano letivo. Os não imunizados representam o público mais inseguro: 29% não se decidiram sobre quando se matricular. Entre os vacinados, esse percentual é de 9%, ou seja, 3,2 vezes menor.
"Percebemos que começou a melhorar a procura, especialmente pelo ensino presencial, que foi a modalidade mais afetada durante a pandemia. Mas está claro que a retomada forte ficará para 2022", diz o diretor presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes), Celso Niskier. Segundo ele, a vacinação é decisiva para essa retomada forte. "E quanto antes, melhor, porque o risco de mais um semestre de atraso na procura pelo ensino superior é que esses jovens vão se formar também um semestre depois, o que certamente vai provocar risco de um apagão de mão de obra qualificada para retomada econômica do País", acrescenta.
O reitor da universidade Feevale, em Novo Hamburgo, Cleber Prodanov, já tinha notado esse aumento de interesse pelo ingresso no ensino superior em algumas conversas informais. “A falta de vacina reflete diretamente na escolha do aluno. Acho que vai ser uma tendência muito grande em 2022, a vacinação vai estimular o retorno dessas atividades”, pontua. De acordo com calendário divulgado pelo governo do Rio Grande do Sul, a previsão é de que toda população acima de 18 anos seja vacinada com a primeira dose até o dia 20 de setembro e, com a segunda, até o final do mês de dezembro.
O ensino superior privado concentra a maior parte das matrículas do Brasil, 75,8% em 2019, de acordo com o último Censo da Educação Superior, sendo 35% na modalidade a distância (EAD) e 65%, na presencial. Em junho do ano passado, o mesmo levantamento mostrou que 43% dos jovens que poderiam estar cursando o ensino superior decidiram começar os estudos apenas quando a situação se normalizasse. Agora, esse percentual caiu para 26%, o que indica que há uma possibilidade de retomada, principalmente por conta da vacinação.
“O que nós observamos é que quem já era aluno do ensino superior antes da pandemia, deu sequência. Mas quando o estudante ainda não está no ensino superior, ele tem certa insegurança em relação ao funcionamento da modalidade de ensino remoto, ainda mais caso ele não tenha vivenciado isso no ensino médio”, explica a pró-reitora de Graduação e Educação Continuada da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs), Adriana Kampff. Ela afirma que, embora a Pucrs tenha tido um bom número de ingressantes nos últimos vestibulares, é possível perceber os dados da pesquisa na realidade da universidade.
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Na pandemia, Pucrs tentou entender o motivo da evasão e ajudar estudantes a manterem estudos. FOTO: Mariana Carlesso/JC
Já segundo Prodanov, essa dúvida em relação ao ensino remoto não aparenta ser o principal motivo da diminuição nos ingressos. “Claro que existe esse elemento da aula remota, mas acredito que a questão da falta de convívio tem pesado bastante. Uma grande parcela dos novos ingressos estão na faixa etária dos 18 aos 20 anos, então a parte social é muito importante. O campus universitário é instigante. É um lugar para estudo, mas também é um lugar para fazer amigos, namorar e conhecer”, defende.
O levantamento Observatório da Educação Superior: análise dos desafios para 2021 - 3ª edição foi realizado pela empresa de pesquisas educacionais Educa Insights em parceria com a Abmes, entre 19 e 22 de junho, pela internet. Ao todo, participaram 1.212 homens e mulheres, de 17 a 50 anos, que desejam ingressar em cursos de graduação presenciais e EAD ao longo dos próximos 18 meses, em todas as regiões brasileiras.

Pandemia aumenta o número de evasão e diminui o número de ingresso no ensino superior

De acordo com Niskier, o setor estima uma perda de matrículas no ensino presencial em torno de 8% a 9%, seja pela queda no ingresso, seja pela evasão durante a pandemia. Os dados serão confirmados no próximo Censo da Educação Superior. "Estamos falando não só de ingresso menor, mas de alunos que pararam de estudar, seja por dificuldade financeira, seja por dificuldade tecnológica (para atender as aulas a distância)", diz.
Adriana conta que a Pucrs sofreu com a queda no ingresso, mas não de forma considerativa e preocupante. “O vestibular de verão sempre tem um número grande de ingressantes e ele seguiu, mas com uma pequena diferença em relação ao ano passado. Já no meio do ano, temos um número menor de ingressantes, mas aponta para uma equivalência do que tivemos no meio do ano passado”, explica.
Quanto ao aumento na evasão, a pró-reitora da Pucrs afirma ter havido uma oscilação. “Tivemos um aumento de um a dois pontos percentuais de estudantes que não renovaram a matrícula de um semestre para o outro.” Segundo ela, o número não foi maior por causa da atuação da universidade. “Buscamos entender quais eram os motivos que levavam os estudantes a não renovarem as matrículas. Familiares que adoeceram, depressão causada pelo isolamento ou dificuldades financeiras, por exemplo. Nos baseamos nisso para criarmos estratégias, como oferecer apoio psicossocial, para mitigar.”
O reitor da Feevale afirma que a universidade perdeu muitos alunos nessa pandemia, principalmente do primeiro para o segundo semestre de 2020. "No segundo semestre, recuperamos alguns alunos. Mas, agora, no primeiro de 2021, tivemos mais perdas, mas não muito significativa”, expõe.
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Feevale perdeu alguns alunos no período, mas vê com otimismo recuperação em 2022. FOTO: ANA KNEVITZ/DIVULGÃO/JC
A queda coloca o Brasil ainda mais distante de cumprir o Plano Nacional de Educação (PNE), lei aprovada em 2014 que estipula metas desde a educação infantil até a pós-graduação para serem cumpridas até 2024. "Estávamos longe de atingir, agora ficaremos ainda mais distantes, seja pela queda da base, fruto não só da captação quanto da queda por abandono, seja pela distância do PNE", afirma Niskier.
Pela lei, o Brasil deve elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% e a taxa líquida para 33% da população de 18 a 24 anos. Segundo o último relatório de monitoramento, referente a 2018, essas taxas eram respectivamente 30% e 20%.
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