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Coronavírus

- Publicada em 25 de Junho de 2021 às 19:35

RS Pós-Pandemia: Covid-19 será uma doença comum e sistema de saúde deve estar preparado

Essa é a terceira edição do evento organizado pela Assembleia Legislativa

Essa é a terceira edição do evento organizado pela Assembleia Legislativa


/REPRODUÇÃO/JC
Na terceira edição do seminário da Assembleia Legislativa gaúcha, “O RS Pós-Pandemia”, na quinta-feira (24), os painelistas e convidados debateram sobre quando a Covid-19 será uma doença comum, como o sistema de saúde receberá a demanda reprimida e, ainda, os impactos da doença. “Não vamos nos livrar totalmente dessa doença, vamos ter que aprender a viver com ela”, afirmou o coordenador executivo do Centro de Contingência de Combate ao Coronavírus do Governo do Estado de São Paulo, João Gabbardo dos Reis.
Na terceira edição do seminário da Assembleia Legislativa gaúcha, “O RS Pós-Pandemia”, na quinta-feira (24), os painelistas e convidados debateram sobre quando a Covid-19 será uma doença comum, como o sistema de saúde receberá a demanda reprimida e, ainda, os impactos da doença. “Não vamos nos livrar totalmente dessa doença, vamos ter que aprender a viver com ela”, afirmou o coordenador executivo do Centro de Contingência de Combate ao Coronavírus do Governo do Estado de São Paulo, João Gabbardo dos Reis.
Gabbardo, médico gaúcho que, até abril de 2020, era secretário-executivo do Ministério da Saúde, apresentou os dados com taxas acima de 90% na vacinação de pessoas acima de 70 anos em São Paulo com ambas as doses do imunizante. Comparando os dados de hospitalização por Covid-19 em janeiro, antes da vacinação desse público, e em maio, depois da vacinação, houve uma redução no número de pessoas abaixo de 60 anos hospitalizadas em São Paulo. Acima dos 50 anos, a porcentagem aumenta. Na faixa etária dos 30 aos 39 anos, o aumento foi de 82%.
“Como é uma proporcionalidade, diminui a internação dos idosos mas aumentam as internações dos mais novos”, observou o especialista. O número de óbitos também reduziu nas faixas etárias que receberam as duas doses da vacina. Os grupos abaixo dos 50 anos de idade apresentaram aumento de, no mínimo, 100% no período entre janeiro e maio, sendo a faixa etária dos 40 aos 49 anos a com maior aumento, de 183%. “A vacina reduz as chances mas não elimina a possibilidade de alguém, mesmo com duas doses, apresentar a doença na forma mais grave”, explicou.
Para Gabbardo, ainda é impensável querer flexibilizar as medidas de segurança, como o uso de máscaras e o distanciamento social. “Existem países que estão com uma taxa menor de imunidade, mas com transmissibilidade mais baixa. A França tem pouco mais de 22% da população vacinada, mas já estão fazendo a flexibilização. Porque eles começaram a vacinação com uma queda na transmissibilidade”, pontuou. Segundo ele, é isso que nos diferencia dos outros países que já estão flexibilizando as medidas. “Nós estamos fazendo a vacinação com um nível elevado de transmissão.”
O especialista entende que a flexibilização dessas medidas só pode acontecer quando tivermos uma redução nos níveis de transmissibilidade. O aumento nos níveis de imunização não necessariamente significam uma redução nos níveis de transmissão da doença. “A volta à normalidade absoluta? Isso vai demorar muito. Impossível prever quando isso vai acontecer”, enfatizou.
A secretária estadual da saúde, Arita Bergmann, lembrou as mais de 35 mil famílias gaúchas que perderam alguém para a Covid-19 e os mais de 95 mil pacientes que estiveram hospitalizados por conta da doença no Rio Grande do Sul. “A Covid-19 vai ficar marcada em gerações, nas crianças, no trabalho, na família e nos desafios econômicos.”

Sistema de saúde terá que lidar com demanda reprimida e nova demanda gerada pela Covid-19

O evento, organizado pela Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, também debateu a demanda reprimida que deverá ser enfrentada pelo sistema de saúde no final da pandemia. O vice-presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers), Eduardo Trindade, afirmou que muitos dos pacientes recuperados da doença ainda vão precisar de assistência médica. “E isso não é nem uma demanda reprimida, é uma demanda nova”, disse.
Trindade apresentou dados da Associação Brasileira dos Importadores e Distribuidores de Produtos de Saúde que ajudam a demonstrar o tamanho dessa demanda reprimida. “Um milhão de cirurgias eletivas adiadas no Brasil em 2020. Não estamos falando do sistema de saúde pública ou do sistema complementar, mas sim de forma geral.” Ele explicou que além do alto número, o dado também é preocupante porque é acumulativo. Essa demanda de 2020 irá se somar à demanda esperada para 2021. “Como vamos fazer para atender essa demanda?”, questionou.
Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, o Brasil tem 60 mil pessoas na fila de cirurgias cardiovasculares, tendo em vista que, anualmente, 100 mil procedimentos são realizados e, em 2020, apenas 40 mil aconteceram. “O dado que mais assusta é que 52% das unidades que realizam o procedimento registram falta de materiais para cirurgias”, apontou. Ele lembrou de quando, no início da pandemia, os hospitais sofriam com a falta desses materiais. “Precisamos repensar da onde estão vindo nossos materiais.”
Já dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica, trazidos por Trindade, apontam que 200 mil diagnóstico de câncer foram represados. “A partir do momento que esse diagnóstico for feito, a doença provavelmente já terá evoluído. Esse paciente pode demandar ainda mais do sistema de saúde, com uma cirurgia mais complexa”, explicou.
Além dessas demandas, Trindade lembra das demandas novas que estão surgindo, com pacientes com sequelas ou com síndrome pós-Covid-19. “Vamos ter uma demanda nova, que não saberemos como tratar. E, principalmente, em uma população economicamente ativa, então vamos perder força de trabalho”, disse. Ele entende que os municípios precisam se organizar para criar centros extrahospitalares para atender essa demanda de forma rápida e eficaz. “Vamos ter que pensar em formas de como reforçar a estrutura desses locais porque vamos precisar ainda mais dele.”