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Geral

- Publicada em 09 de Junho de 2021 às 15:22

'Gente, para de dar tiro, socorre minha neta', pediu avó de grávida morta no Rio

Grávida de quatro meses, Kathlen Romeu faleceu após ser baleada durante ação da PM

Grávida de quatro meses, Kathlen Romeu faleceu após ser baleada durante ação da PM


KATHLEN ROMEU/INSTAGRAM/REPRODUÇÃO/JC
A avó da designer de interiores Kathlen Romeu, de 24 anos, relatou os momentos que passou quando a neta foi baleada e morta durante uma ação da Polícia Militar no Complexo do Lins, na zona norte da cidade. Sayonara de Oliveira Lopes disse que se jogou sobre Kathlen ao vê-la no chão após os tiros, mas que só depois notou que a jovem havia sido baleada.
A avó da designer de interiores Kathlen Romeu, de 24 anos, relatou os momentos que passou quando a neta foi baleada e morta durante uma ação da Polícia Militar no Complexo do Lins, na zona norte da cidade. Sayonara de Oliveira Lopes disse que se jogou sobre Kathlen ao vê-la no chão após os tiros, mas que só depois notou que a jovem havia sido baleada.
Sayonara contou aos jornalistas que ela e a neta estavam caminhando na rua quando começaram os tiros. Segundo ela, a neta caiu no chão durante os primeiros disparos. Ela pensou que Kathlen havia se jogado e se debruçou sobre ela.
"Quando começou o barulho do tiro, minha neta caiu no chão. Achei que ela tinha se jogado, me joguei em cima dela, e vi um buraco (no corpo dela). Não sei como não estou baleada. Levantei e falei: 'Gente, para de dar tiro, socorre minha neta', eles socorreram pois eu gritei, eles não queriam nem que eu fosse no carro com ela. Disse: 'Me leva, nem que seja na caçamba'".
A Secretaria Municipal de Saúde informou que "a gestante faleceu logo após chegar ao Hospital Municipal Salgado Filho", no bairro do Méier, na zona norte.
Sayonara disse que permitiu a visita da neta porque nesta semana a comunidade estava calma e sem registro de tiroteio. A avó contou ainda que durante os disparos, já com a neta ferida, ela foi questionada por um dos PMs: "Você sabe quem era aquele?". "Meu filho, só quero a minha a neta. Socorre a minha neta. Não sei quem era aquele", respondeu ela.

Mãe acusa PMs

A mãe da designer de interiores, Jakelline de Oliveira, acusou a PM pelo desfecho da ação. A família de Kathlen havia se mudado da região no dia 24 de abril. Jakelline de Oliveira afirmou que policiais que estavam em uma casa de tocaia foram os responsáveis pelos disparos.
"Eu estou devastada, estou destruída. Minha filha foi executada. A polícia estava dentro de uma casa, viu os bandidos e atiraram. Se eles estavam de tocaia, eles tinham que ter cuidado, na favela não mora só bandido (...) Ela (Kathlen) morreu nos braços da minha mãe, foi ver a avó, pois estava com saudade", disse a mãe na porta do IML (Instituto Médico Legal) na manhã desta quarta (9).
Jakelline mandou ainda um recado para o porta-voz da Polícia Militar do Rio de Janeiro.
"Avisa o major Braz (porta-voz da PM do RJ), que ele falou na televisão que foi troca tiro, não foi troca de tiro. A policia deu tiro inconsequentemente, a polícia executou a minha filha, foi bala direcionada ao corpo da minha filha. (...) Bandido não morreu nenhum. (...) Quem foi recebida a tiros foi minha filha".
Kathlen estava grávida de 14 semanas e, segundo a família, tinha o sonho de ser blogueira e modelo.
Na terça, a PM disse através de nota que policiais da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) do Lins foram atacados a tiros por criminosos na localidade conhecida como "Beco da 14". O ataque teria dado início ao confronto. A família e moradores negam a versão da PM.
A corporação ainda não se manifestou sobre a acusação da família.

Pai e namorado

O pai de Kethlen, Luciano Gonçalves, disse que a família fez um esforço para tirar a designer da comunidade e melhorar a vida da jovem que havia se formado na faculdade em setembro do ano passado.
"Eu tirei ela de lá por causa da violência. Minha filha era a coisa mais especial da minha vida, uma pessoa do bem, inteligente demais, cheia de sonhos".
O pai criticou ainda a ação da PM na comunidade e disse que na zona sul não há operações como as que ocorrem na zona norte.
"Na zona sul não acontece assim. Não respeitam ninguém. Há um tempo atrás morreu um menino que foi buscar guaraná para festa na igreja e foi alvejado. Um garoto de 19 anos e botaram uma arma na mão do garoto e disseram que era vagabundo. Minha filha era uma pessoa do bem. Estava na melhor fase da vida dela", disse ele.
Nas redes sociais, o namorado da jovem, Marcelo Ramos, disse ainda que estava "sem chão" e que Kathlen "nunca será esquecida", em uma postagem com várias fotos do casal comemorando a gravidez.
"Nunca será esquecida meu amor, você, a Maya/Zayon sempre irão morar dentro de mim, estou completamente sem chão, às vezes é difícil entender a vontade de Deus, mas sei que você está melhor que nós. Aqui só vai ficar saudades e as lembranças de você, a pessoa mais radiante e animada que eu conheci na minha vida, vou vencer por você. Que Deus me dê forças. Eu te amo eternamente".
Folhapress
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