Atualizada às 10h45min
Cerca de 80 trabalhadores do Hospital Porto Alegre estão há três meses sem receber salários na Capital. A situação fez com que os profissionais entrassem em uma greve que já entra no seu quarto dia. Nesta quinta-feira (27), foi realizado um "Pedágio Solidário" na Rua Sebastião Leão.
O ato buscou sensibilizar a população à situação vivida pelos profissionais da saúde e arrecadar fundos à manutenção do piquete montado no local. "Muitos trabalhadores estão se alimentando nesse local, pois não tem mais comida em casa. Outros estão vivendo da ajuda de familiares e amigos", disse o diretor do Sindisaúde/RS, Júlio Entero Appel.
O sindicato vem acompanhando as mobilizações e já acionou o Ministério Público do Trabalho (MPT/RS) e e entrou com uma ação na Justiça gaúcha para tentar "trancar a conta do hospital". Até agora, no entanto, nada foi feito, diz Appel.
Segundo o Sindisaúde/RS, os salários são pagos com atraso desde fevereiro e as férias não vêm sendo pagas sistematicamente. Além disso, os pedidos de demissão não são homologados e a atual gestão não sinaliza qualquer movimento para resolver os problemas, a não ser uma comissão que não teve qualquer efetividade.
"Os trabalhadores estão esgotados, física e mentalmente, pediram o apoio do sindicato e, agora, a gestão vai ter que arcar com as consequências. Esperamos também que a população de Porto Alegre, que tantos aplausos bateu nas janelas para os trabalhadores da saúde, saiba agora reconhecer as dificuldades e apoie o movimento grevista", destacou Appel.
O Hospital Porto Alegre é particular e está sob a gestão da Associação dos Funcionários Municipais de Porto Alegre (AFMPA). Procurada pelo Jornal do Comércio, a entidade alega que vem enfrentando há anos dificuldades financeiras e que lamenta profundamente o fato de ter que parcelar os salários dos funcionários.
O presidente da AFMPA, João Paulo Galvez Machado, diz que a associação vem buscando maneiras de diminuir o déficit mensal em torno de R$ 500 mil do hospital. Recentemente, um acordo com a prefeitura municipal da Capital para inclusão da unidade entre aquelas habilitadas a receber pacientes com Covid-19 trouxe um pequeno alento ao caixa. No entanto, segundo Machado, é preciso fazer mais.
A AFMPA busca o conveniamento com mais planos de saúde, como o IPE, e com o Serviço Único de Saúde (SUS). "Porém, temos dívidas e não conseguimos obter a certidão negativa junto à Receita Federal. Esbarramos na burocracia", diz Machado.
Estas são algumas das saídas para garantir a retomada do pagamento dos salários em dia. Enquanto isso, a AFMPA evita previsões. "Pode ser que a situação melhore nos próximos seis meses. Mas não temos como saber", afirma o presidente da associação. Localizado na Rua Antônio Francisco da Rocha, n.° 100, no bairro Azenha, em Porto Alegre, foi inaugurado em 29 de novembro de 1978.