A Polícia Civil gaúcha deflagrou na manhã desta quarta-feira (12) a Operação Aleteia, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa com a base de atuação no Vale do Taquari, mas que também cometeu ilícitos em outros municípios do Rio Grande do Sul.
Conforme a investigação, as ações do grupo visavam ao cometimento de falsificação de documentos e estelionatos, cuja especialidade eram estelionatos contra seguros. Por meio de inúmeras formas de falsificação de documentos, aliciamento de peritos, falsidade ideológica, registros de ocorrências inautênticos e de um “estruturado e hierarquizado esquema”, os criminosos encaminhavam pedidos de pagamento de seguros do DPVAT, que sabiam serem ilegítimos.
A operação contou com investigação da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de Lajeado e com apoio da Brigada Militar e de outras delegacias da região. Foram cumpridos 17 mandados de busca e apreensão em residências e empresas dos acusados. O trabalho de investigação foi realizado no decorrer de um ano e meio.
Tramitam na Draco/Lajeado cerca de 90 inquéritos para apuração das fraudes, com início nos anos de 2014 a 2021, sendo que alguns outros já foram remetidos à justiça. Muitos desses inquéritos foram originados por “notícias-crime” oriundas da seguradora administradora do seguro DPVAT.
Os policiais civis realizaram diligências, oitivas e busca por provas contra os envolvidos, culminando na identificação de seis grupos que agiam na região, sendo que a maioria interligados na prática dos estelionatos. De acordo com a Polícia Civil, foram obtidas provas de que laudos médicos foram adulterados para que a organização pudesse ganhar valores acima do que as reais lesões das vítimas. Em muitos casos, as vítima não tinham se ferido em acidentes de trânsito. Além disso, carimbos e receituários médicos foram adulterados para burlar a segurança da seguradora, responsável pelo pagamento dos seguros DPVAT.
A seguradora, que era responsável pelo gerenciamento do sistema do DPVAT, informou aos policiais civis que, em 2018 e 2019, os grupos investigados haviam recebido cerca de R$ 5 milhões em pagamentos de seguros do DPVAT. Contudo, pelo volume de encaminhamentos de pedidos de seguro, a investigação acredita que o valor recebido pelos grupos investigados, nos últimos quatro anos, pode chegar a R$ 8 milhões.
Conforme a investigação, em 2020 e 2021, com a pandemia de Covid-19, as fraudes se acentuaram face à ausência de contato físico entre as vítimas e os fraudadores. Ou seja, os registros, notas de despesas, exames e demais documentos eram encaminhados via eletrônica pelas vítimas que não sabiam das adulterações realizadas pelo grupo, a fim de que o pagamento do seguro DPVAT fosse majorado.
A organização Criminosa agia em Lajeado, Cruzeiro do Sul, Estrela, Arroio do Meio, Teutônia, Venâncio Aires, Estância Velha e Portão.