As doenças cardiovasculares estão entre as que mais matam mulheres ao redor do mundo. Dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que essas enfermidades são responsáveis por 1/3 dos óbitos femininos, o que significa 8,5 milhões de mortes ao ano ou 23 mil por dia.
Um dos fatores que contribui para esse cenário é o fato de mulheres poderem apresentar sintomas atípicos com relação a essas doenças, conforme explica o médico cardiologista Roberto Yano. Enquanto os sintomas comuns do infarto são dor no peito em forma de aperto e queimação, que pode irradiar para o queixo, a mandíbula e o epigástrio, com duração maior que vinte minutos, mulheres prestes a sofrer um infarto do miocárdio podem chegar ao pronto-socorro com manifestações atípicas, como dor nas costas ou no estômago, por exemplo.
“Não é incomum que elas cheguem apenas com falta de ar, sudorese ou sensação de desmaio. Devido aos sintomas atípicos, a mulher costuma demorar mais a procurar ajuda médica. Acha que está com uma gastrite e acaba tomando um antiácido. Acredita que a dor nas costas é da coluna e acaba tomando um anti-inflamatório. Essa demora no reconhecimento de sintomas retarda a sua ida ao hospital, o que piora o prognóstico da doença”, alerta Yano.
O médico elucida que quanto mais demora para abrir uma artéria que está entupida, maiores os riscos de complicações e morte. “Muitas vezes se conseguimos abrir a artéria da paciente em até 3 horas, seja através de angioplastia ou por meio de medicamentos trombolíticos, existem grandes chances das sequelas serem menores ou até mesmo nem existirem”, diz.
Além de possuírem manifestações atípicas e protelarem a ida ao pronto atendimento, as mulheres têm as coronárias mais finas, mais difíceis de serem tratadas. “O processo de aterosclerose e rompimento do endotélio do vaso é mais complicado nas artérias das mulheres, por elas serem menos calibrosas. Então, mesmo chegando ao cateterismo e a angioplastia, no geral, o tratamento de mulheres, principalmente se forem diabéticas, é bem difícil”, comenta o especialista.