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Política

- Publicada em 29 de Dezembro de 2020 às 19:13

Privatização da Carris é apontada como melhor solução em estudo contratado pela prefeitura

Somente em 2020, aporte da prefeitura na Carris chegou a R$ 66 milhões

Somente em 2020, aporte da prefeitura na Carris chegou a R$ 66 milhões


MARCELO G. RIBEIRO/JC
Fernanda Crancio
A privatização da Carris seria o cenário mais eficiente para a manutenção dos serviços da empresa nos próximos anos. Esse foi o resultado mais favorável dentre os apontados em estudo que avaliou diagnósticos e soluções para o futuro da empresa. O levantamento, contratado pela administração municipal e executado pela consultoria Valor & Foco, analisou hipóteses e formas de investir e de reduzir os aportes da prefeitura na Companhia, que, somente em 2020, chegaram a R$ 66 milhões.
A privatização da Carris seria o cenário mais eficiente para a manutenção dos serviços da empresa nos próximos anos. Esse foi o resultado mais favorável dentre os apontados em estudo que avaliou diagnósticos e soluções para o futuro da empresa. O levantamento, contratado pela administração municipal e executado pela consultoria Valor & Foco, analisou hipóteses e formas de investir e de reduzir os aportes da prefeitura na Companhia, que, somente em 2020, chegaram a R$ 66 milhões.
Na segunda-feira (28), durante live de apresentação de futuros secretários, o prefeito eleito da Capital Sebastião Melo chegou a defender, entre as medidas prioritárias de sua gestão, a repactuação da licitação do transporte público, que teve contrato na ordem de R$ 100 milhões neste ano - os demais cerca de de R$ 40 milhões foram destinados a empresas privadas do setor. "São R$ 100 milhões de dinheiro público para o transporte público. Não dá para ser assim, não tem dinheiro pra isso", enfatizou Melo, que durante a campanha eleitoral chegou a admitir que não descartava a possibilidade de privatização da empresa.
De acordo com o atual secretário municipal de Parcerias Estratégicas, Thiago Ribeiro, o rumo da privatização seria a solução mais vantajosa para a cidade. "Fica latente que, independente da hipóteses utilizadas, sempre o cenário de privatização será tecnicamente mais vantajoso do ponto de vista econômico e financeiro", destacou ele.
A possibilidade de desenvolvimento de uma parceria público-privada (PPP) para a empresa, que responde por 22% do transporte de passageiros da Capital, também foi considerada, mas, segundo Ribeiro, "não se trata de um cenários de fácil implantação".
O trabalho da consultoria foi apresentado nesta terça-feira (29), pelo secretário-adjunto da pasta, Fernando Pimentel, e analisou a projeção da demanda de linhas operadas pela empresa, as hipóteses tarifárias - porém sem proposta de reajuste da passagem-, a projeção de investimentos, a comparação com uma empresa eficiente do setor e a aplicação de medidas estruturais para a redução de custos. Segundo o estudo, a receita líquida da Carris em 2019 foi de R$ 167,6 milhões e o lucro negativo chegou a R$ 16,6 milhões, com prejuízos acumulados em R$ 323,7 milhões, e aporte de R$ 14,5 milhões da prefeitura.
Esse valor, aquém do aplicado pelo poder municipal na empresa em 2020, reflete o impacto da pandemia sobre o transporte público ao longo deste ano, com redução de passageiros e demanda. Em 2019, foram mais de 52 milhões de passageiros transportados nas 24 linhas oferecidas. Os números deste ano não foram divulgados pela assessoria da Carris.
A empresa, que mantém cerca de 1,6 mil funcionários, já vem passando por reestruturação desde 2018, com redução de pagamentos de horas extras, revisão de programas de benefícios e redução geral de gastos, um trabalho que foi iniciado na gestão da ex-diretora Helen Machado, que avançou em ações de controle de custos, revisão de processos e contratos e adoção de estruturas mais enxutas, chegando a reduzir o histórico déficit da Companhia e os valores dos aportes da prefeitura. A ex-diretora, que se desligou do cargo há pouco mais de um ano para voltar à iniciativa privada, foi substituída na função por Cesar Griguc.
Entre os cenários vislumbrados pela consultoria foram apontadas medidas transversais que poderiam avançar em resultados para melhorar a situação econômica da Companhia, entre elas a extinção - a longo prazo- da obrigatoriedade de motoristas, das operações em dinheiro nos ônibus, alteração do parâmetro de ocupação dos ônibus de 4 passageiros por metro quadrado para 5 por metro quadrado, venda do terreno da Carris- avaliado em R$ 56,4 milhões- e aluguel de novo local para a sede, estímulo à distribuição da demanda ao longo do dia, com políticas de diferenciação de preço da passagem, plano de desligamento voluntário de funcionários (PDV) e PPP para futuro investimento em garagem e carros. "A Carris continuará tendo prejuízo se nenhuma mudança for feita", alertou Pimentel.
Nesses cenários, não foram consideradas vantajosas economicamente as possibilidades de saída da Carris da Câmara de Compensação Tarifária (CCT), nem a liquidação da empresa, se comparada à privatização. Em contrapartida, teriam melhores resultados a manutenção da Companhia nos moldes atuais, mas com busca de PPP de setores administrativos, segurança patrimonial e com manutenção e implementação de medidas transversais, e a hipótese da privatização, considerada a solução mais versátil e eficiente. Segundo Pimentel, após a análise da consultoria e escolha de um desses quatro cenários, caberá à futura gestão municipal fazer um relatório de avaliação econômico e financeira da proposta e uma análise jurídica para chegar a um plano consolidado para o futuro da empresa.
Segundo o secretário Tiago Ribeiro, os resultados apresentados pela consultoria ainda são parciais, mas bastante criteriosos na análise do quadro da Carris. "Não descartamos nenhuma possibilidade para a Carris, apresentamos cenários, com aspectos positivos e negativos ", disse.
Segundo a assessoria da prefeitura, a apresentação já foi disponibilizada à equipe de Melo e à secretária Ana Pellini, que assumirá a pasta de Parcerias Estratégicas a partir do dia 1º de janeiro. No entanto, procurados pela reportagem, ambos não quiseram se manifestar a respeito do estudo.
Situação atual da Carris
  
Receita Líquida (2019): R$ 167,6 milhões
EBITDA (2019): - R$ 6,4 milhões
Lucro Líquido (2019): - R$ 16,6 milhões
Prejuízos Acumulados (2019): R$ 323,7 milhões
Aportes da Prefeitura (2019): R$ 14,5 milhões
Passageiros transportados (2019): R$ 52 milhões
Linhas (2019): 24
Quilômetros Rodados (2919): 20,6 milhões de km
Funcionários Ativos (2019): 1.643
Frota Operacional: 280 ônibus
Fonte: Secretaria de Parcerias Estratégicas da Capital/ Consultoria Valor & Foco
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