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- Publicada em 29 de Novembro de 2020 às 10:50

Atendimentos em radioterapia apresentam queda durante a pandemia de coronavírus

Pesquisa mostrou que houve queda de mais de 20% dos atendimentos em locais que oferecem o tratamento no País

Pesquisa mostrou que houve queda de mais de 20% dos atendimentos em locais que oferecem o tratamento no País


CLAUDIO FACHEL/ARQUIVO/JC
A Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT) mapeou, através do Comitê de Enfrentamento da Covid-19 (CERT), os impactos da pandemia do novo coronavírus no atendimento de pacientes oncológicos com indicação de tratamento para radioterapia. O estudo, que contou com 126 serviços de radioterapia espalhados por 24 estados brasileiros, mostrou que houve queda de mais de 20% dos atendimentos a pacientes em 77 (61,1%) destes serviços.
A Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT) mapeou, através do Comitê de Enfrentamento da Covid-19 (CERT), os impactos da pandemia do novo coronavírus no atendimento de pacientes oncológicos com indicação de tratamento para radioterapia. O estudo, que contou com 126 serviços de radioterapia espalhados por 24 estados brasileiros, mostrou que houve queda de mais de 20% dos atendimentos a pacientes em 77 (61,1%) destes serviços.
Das unidades que responderam à pesquisa, apenas 18 disseram que não tiveram redução no atendimento superior a 50%. Além disso, 15 afirmaram que não diminuíram os atendimentos, enquanto em 34 a queda foi inferior a 20%. O levantamento, segundo a SBRT, será publicado na revista científica Advances in Radiation Oncology.
De acordo com a instituição, o estudo foi realizado mediante questionário online enviado em maio aos diretores dos departamentos de radioterapia ativos no País. Dos 284 serviços do gênero existentes no Brasil, apenas 44,4% (126) responderam aos questionamentos. A maioria dos retornos aconteceu nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Goiás, Ceará e Paraná, além de outros 13 estados e do Distrito Federal. Rondônia foi o único local que não efetuou nenhuma resposta aos questionamentos. Já Amapá e Roraima são estados que não possuem serviço de radioterapia. Considerando as regiões brasileiras, as respostas foram de serviços do Sudeste (52,4%), Sul (20,6%); Nordeste (15,9%); Centro-Oeste, DF (97,1%) e Norte (4,1%).
Ao todo, o questionário virtual tinha um total de 14 perguntas de múltipla escolha, que abordavam sobre o perfil do serviço e as ações de enfrentamento à pandemia da Covid-19. As variáveis analisadas foram número médio de atendimentos mensais e a origem dos pacientes (SUS ou Saúde Suplementar), a faixa percentual do impacto no número de pacientes em tratamento de câncer por conta da pandemia e as causas desta redução de tratamentos. Também foram abordados a frequência e as ações frente aos pacientes e colaboradores contaminados pelo novo coronavírus e as políticas de prevenção adotadas pelos serviços.
Entre os motivos apontados pelas instituições sobre a baixa procura dos pacientes, foram elencados o não encaminhamento, por parte médicos, para a radioterapia; medo do paciente e familiares em realizar a radioterapia e a redução do diagnóstico de novos casos de câncer. Ainda, a distância que o paciente precisaria percorrer para receber o tratamento também apareceu entre os motivos que levaram à redução dos encaminhamentos dos médicos para radioterapia.
Segundo o mapeamento, no Brasil, a média de deslocamento até o local mais próximo para um procedimento de radioterapia é de 76 quilômetros. Enquanto no estado de São Paulo a distância média é 33 km, um paciente que mora em Roraima e no Acre, estados que não contam com esse serviço, a distância média é de 1.605,5 km e de 1.487,3 km, respectivamente.
O radio-oncologista e presidente da Sociedade Brasileira de Radioterapia, Arthur Accioly Rosa, também diretor de Radioterapia do Grupo Oncoclínicas, alertou sobre a possibilidade do tratamento através de hipofracionamento, isto é, uma técnica que permite utilizar menos aplicações com frações mais altas de radiação por sessão comparada ao método convencional. "O tratamento é mais rápido e ainda preserva os resultados terapêuticos. Na prática, significa que ao invés das 40 sessões de tratamento, o paciente poderá ser submetido a 20 (hipofracionamento moderado) ou até a cinco sessões (hipofracionamento extremo), o que resulta em uma redução de oito vezes. Medida, portanto, essencial nesse momento de pandemia".
Dos 126 serviços que responderam ao questionário, 98 adotaram medidas de hipofracionamento, a fim de evitar que pacientes precisassem estar nas ruas em meio à pandemia. As principais indicações para hipofracionamento foram para pacientes com diagnóstico de câncer de mama, metástase óssea, metástase cerebral, assim como pele, próstata, sistema nervoso retal e reto.
A pandemia da Covid-19 impactou não apenas o serviço, mas também as equipes e seus pacientes. Conforme o estudo, mais da metade das instituições que responderam à pesquisa tiveram pacientes e colaboradores diagnosticados com o novo coronavírus. Frente aos resultados positivos, algumas medidas como interrupção da tratamento e isolamento do paciente ou realização da radioterapia ao final do expediente tiveram de ser adotadas.
O impacto causado pela pandemia também demandou a adoção de sistemas de teleatendimento. Dentre os serviços, 80 adotaram serviço telefônico, 41 atuaram nas mídias sociais, 23 efetuaram atendimento por telemedicina e 17 trabalharam com videoconferência. "A SBRT propôs diversas recomendações para o enfrentamento do novo coronavírus. Agora pretendemos analisar a adesão e o impacto destas ações, no intuito de planejar medidas para não haver atraso no tratamento dos pacientes com câncer", afirmou o coordenador do comitê de enfrentamento e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Radioterapia, Harley Francisco de Oliveira.
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