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Geral

- Publicada em 01 de Julho de 2020 às 21:14

Alunos, pais e professores relatam dificuldades com modelo de ensino a distância

Crianças menores demandam mais tempo dos pais, pois não conseguem estudar sozinhas

Crianças menores demandam mais tempo dos pais, pois não conseguem estudar sozinhas


RYAN ANSON/AFP/JC
A realidade dos estudantes ao redor do mundo foi drasticamente alterada com a chegada do novo coronavírus. No Brasil, um modelo de ensino a distância foi estabelecido às pressas para garantir que crianças, jovens e adultos pudessem continuar estudando durante a pandemia, evitando a perda do ano letivo. No Rio Grande do Sul, mais de 11 mil escolas, estaduais e privadas, estão fechadas desde março, sem previsão de reabertura. Ainda que o governo tenha elaborado um plano de ação para conter os impactos negativos da pandemia, os estudantes estão passando por dificuldades.
A realidade dos estudantes ao redor do mundo foi drasticamente alterada com a chegada do novo coronavírus. No Brasil, um modelo de ensino a distância foi estabelecido às pressas para garantir que crianças, jovens e adultos pudessem continuar estudando durante a pandemia, evitando a perda do ano letivo. No Rio Grande do Sul, mais de 11 mil escolas, estaduais e privadas, estão fechadas desde março, sem previsão de reabertura. Ainda que o governo tenha elaborado um plano de ação para conter os impactos negativos da pandemia, os estudantes estão passando por dificuldades.
Falta de capacitação e de estrutura são exemplos dos contratempos que os professores enfrentam para preparar aulas remotas. Essas adversidades, juntamente com outras questões, certamente influenciam na qualidade do ensino. Além disso, os estudantes têm que lidar com a falta de acesso à internet e aos materiais oferecidos, a dificuldade de organizar uma rotina fora da escola e, ainda, a necessidade de estudar e realizar as atividades sem o auxílio de um professor.
A Secretaria Estadual de Educação (Seduc) está trabalhando na capacitação dos professores e buscando alternativas para facilitar o processo de aprendizagem dos alunos. “Os professores da rede estadual de ensino são orientados a propor aos alunos atividades que não exijam conhecimento técnico e pedagógico dos pais - apenas auxílio na mediação da comunicação entre professor e estudante, quando necessário”, defende o Secretário Estadual de Educação, Faisal Karam. Alguns estudantes, porém, não conseguem realizar as tarefas sem auxílio.
Sem a presença dos professores, o papel de ajudar é passado para os pais e familiares. A aposentada Eleni Lourdes de Almeida Capeletti agora é a responsável por auxiliar a filha Sarah, que está no 6º ano em uma escola da rede pública de Campo Bom. “Não tenho a formação de uma professora para ensinar, então tanto eu, quanto ela, temos muitas dificuldades”, afirma.
Eleni também conta que as atividades não são simples e, portanto, tomam muito tempo. “Às vezes ficamos horas procurando uma resposta, estudando e lendo a matéria de novo para chegar a um consenso. É bem difícil não ter a ajuda do professor.” A dona de casa acredita que o ensino da filha está sendo prejudicado, mas lembra que a situação pode estar ainda pior para pais que trabalham fora.
Esse é o caso da motorista de ônibus Flávia Cristiane Paim de Oliveira, mãe do Felipe, que está no 3º ano, e da Eduarda, no 9º ano. Ainda que ambos estudem em colégio particular, a ajuda de Flávia ainda é solicitada pelo mais novo, que não consegue estudar sozinho e tem dificuldade de concentração. “Não tenho a didática. Então tem coisas que não sei, tem coisas que sei mas não consigo explicar. Não estamos fazendo algumas atividades justamente porque é muito difícil de ensinar”, defende.
Para Maurin de Souza, professora de Língua Portuguesa e Literatura em uma escola da rede privada de Porto Alegre, saber que os alunos não estão aprendendo como deveria é a pior parte dessa experiência. Pelas conversas com os estudantes, Maurin percebe que muitos estão cansados e ansiosos. “Eles sentem a falta de perspectiva, ainda que cumpram, em sua maioria, as tarefas. Temos flexibilizado os prazos de entrega e disponibilizado espaços para escuta. Algumas aulas são mais dialogadas, outras bastante divertidas, outras mais quietinhas”, complementa.
Ainda que com certa dificuldade, a professora acredita que os professores estão se empenhando para garantir um ensino de qualidade diante do cenário atual. “Temos cuidado para diversificar as aulas, as atividades. A arte tem sido, como sempre é, um meio efetivo para escuta, leitura, criatividade. Uma vez por mês, por exemplo, realizamos um sarau virtual.”
A dificuldade não atinge somente as crianças e os adolescentes. A estudante de Direito Giulia Dalla Zen Bernardo da Silva relata que as aulas não estão sendo produtivas. “Estando em casa é difícil começar uma tarefa e ir até o fim. O fato de a aula ficar gravada também acaba dispersando bastante.” A universitária afirma se sentir sobrecarregada com a quantidade de conteúdos e com a situação em si. “Sem falar que os professores acabam perdendo a noção do tempo por estarem em casa e suprimem ou adiam os intervalos. Minha concentração caiu muito e está cada vez mais difícil não procrastinar algumas atividades.”
Mesmo com todas essas dificuldades, Eleni, Flávia, Maurin e Giulia são contra a retomada das atividades presenciais nas escolas e universidades. Estados como São Paulo, por exemplo, já anunciaram a data para a volta às aulas (8 de setembro), em formato parecido com o modelo híbrido sugerido pelo governo gaúcho.
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