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Geral

- Publicada em 30 de Março de 2020 às 20:45

Casos de síndrome respiratória cresceram no País antes da Covid-19

Internações por síndromes respiratórias tiveram salto neste ano

Internações por síndromes respiratórias tiveram salto neste ano


CLAITON DORNELLES/JC
O número de internações no Brasil por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) teve um aumento acima da média em fevereiro, antes da declaração de pandemia do novo coronavírus (Covid-19) pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e antes das medidas adotadas pelos governos estaduais para conter a disseminação do vírus, na segunda semana de março.
O número de internações no Brasil por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) teve um aumento acima da média em fevereiro, antes da declaração de pandemia do novo coronavírus (Covid-19) pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e antes das medidas adotadas pelos governos estaduais para conter a disseminação do vírus, na segunda semana de março.
Os dados são do sistema InfoGripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). As informações mais recentes se referem à semana epidemiológica 12, entre 15 a 21 de março, quando as notificações já estavam na zona de risco e a atividade semanal considerada muito alta. Os dados mostram a estimativa de 2.251 casos notificados na semana, sendo a maior incidência, com 503 casos, em maiores de 60 anos, ou 22,3% do total.
EVOLUÇÃO DAS INTERNAÇÕES
Semana 8 (16 a 22/2)
580 casos
150 abaixo de 2 anos (25,86%)
69 acima de 60 anos (11,89%)
Semana 9 (23 a 29/2)
662 casos
149 abaixo de 2 anos (22,50%)
96 acima de 60 anos (14,50%)
Semana 10 (1 a 7/3)
851 casos
188 abaixo de 2 anos (22,09%)
145 acima de 60 anos (17,03%)
Semana 11 (8 a 14/3)
1.626 casos
230 abaixo de 2 anos (14,14%)
340 acima de 60 anos (20,91%)
Semana 12 (15 a 21/3)
2.251 casos
186 abaixo de 2 anos (8,26%)
503 acima de 60 anos (22,34%)
Fonte: Sistema InfoGripe/Fiocruz
Desde o começo do ano, as internações já estavam acima dos níveis de segurança, com cerca de 300 casos por semana, quando o número dentro da normalidade seria na faixa de 100. Na sétima semana epidemiológica, de 9 a 15 de fevereiro, os casos aumentaram para 437 notificações, sendo a maioria em bebês, com 120 casos (27,5%), enquanto a notificação de idosos somou 74 casos, 16,9% do total.
Segundo a Fiocruz, em 2020 foram registrados 6.883 casos de SRAG no Brasil. Na distribuição por faixa etária, os menores de dois anos e os maiores de 60 são sempre os principais grupos afetados, ou seja, são os considerados mais vulneráveis. A diferença nos anos anteriores, porém, foi de que a proporção de bebês sempre havia sido maior do que a de idosos nas primeiras semanas epidemiológicas.
Coordenador do InfoGripe e pesquisador em saúde pública no Programa de Computação Científica da Fiocruz, Marcelo Gomes reforça que, além da Covid-19, outras doenças, como a influenza e a pneumonia, também são fatores que contribuem para a síndrome respiratória. No entanto, os dados revelam uma elevação abrupta coincidente com a chegada do novo coronavírus no País. "Os dados indicam que a infraestrutura de atendimento hospitalar já está observando uma carga de ocupação em função de síndrome respiratória extremamente elevada, acima da média. Já vinha acima do esperado e com tendência de alta. Porém, nas duas últimas semanas disparou."
Nem todos os casos reportados com SRAG são coronavírus, no entanto, o Ministério da Saúde recomenda que todos passem a ser considerados como forma de precaução. "Desde a nova portaria, todos os casos de SRAG passam a ser suspeitos de Covid-19. Certamente nem todos são casos de Covid-19, mas não sabemos ainda qual o percentual foi em decorrência de qual vírus respiratório", afirma Gomes, ao reforçar que apenas exames laboratoriais podem dar a certeza do diagnóstico.
"A mudança brusca de comportamento sugere que há algo diferente acontecendo, e isso pode ser justamente o novo coronavírus. Seriam necessários exames laboratoriais para saber qual agente infeccioso está causando estas internações, saber quantos casos são influenza e quantos são coronavírus", completa.
Os dados do InfoGripe apontam que os níveis de segurança para a semana epidemiológica 12 de cada ano seriam na faixa de 300 casos de internação por SRAG e que o gráfico das internações costuma subir a partir da última semana de abril, com pico em junho, quando o nível de segurança chega a 600, voltando a cair a partir da última semana de julho. Neste ano, desde a semana epidemiológica 8, de 16 a 22 de fevereiro - antes da primeira confirmação da Covid-19 no Brasil, no dia 26 de fevereiro - a evolução das internações por SRAG no País apresentou diminuição da proporção de bebês e aumento dos casos entre idosos.
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