Depois de um ano letivo turbulento na educação estadual, marcado por mais de
50 dias de greve devido ao embate envolvendo os professores e o governo gaúcho, o Cpers-Sindicato voltou a denunciar a falta de diálogo com o poder executivo. O motivo, desta vez, diz respeito à falta de transparência no contracheque dos profissionais que, durante os dias da paralisação, tiveram que arcar com o corte do ponto eletrônico.
No início de fevereiro, trabalhadores que não participaram do movimento grevista relataram ter sofrido descontos na folha de pagamento. À época, o Cpers chegou a solicitar uma reunião com a Secretaria Estadual da Fazenda para esclarecer a situação, o que, em menos de uma semana, foi acatado.
Conforme a presidente do Sindicato, Helenir Aguiar Schürer, a explicação dos técnicos da Fazenda e da Secretaria de Educação foi de que as alterações eram oriundas de uma mudança de sistema. “Ainda não tivemos uma resposta plausível e nem sequer a correção dos nossos contracheques. Estamos vivendo um momento em que governo está fazendo descontos da greve”, afirmou, mesmo o período de paralisação já tendo sido recuperado. “Um exemplo do nosso salário básico: quem ganha R$ 1.260,00, recebeu R$ 600,00. Só que no contracheque aparece como se os R$ 600,00 fossem o salário básico”, explicou.
A Secretaria da Fazenda informou que as alterações foram aplicadas para todos os contracheques, não somente do Executivo. Conforme a pasta, a mudança é uma forma de evidenciar os valores relativos aos vencimentos mensais, de férias ou 13º salários. “A apresentação da composição de cada natureza de pagamento no contracheque é uma necessidade para elaboração dos arquivos E-Social e atendem a novas exigências contábeis. Essa abertura de informações não tem impacto financeiro aos servidores, nem relação com a greve da educação, pois é apenas um detalhamento de rubricas”.
De acordo com a presidente do Cpers, o último contracheque continua exatamente com a mesma questão e, por isso, a entidade segue se posicionando contra a falta de transparência do Estado. “É uma coisa que não dá para aceitar. Essa queda no (salário) básico pode influenciar futuramente para as aposentadorias”.
Quanto à questão do pagamento dos dias de greve recuperados, Helenir afirmou que o sindicato está trabalhando junto à Assembleia Legislativa e quer, com o apoio dos deputados, dialogar com o governo para buscar resolver a situação. “Os dias de greve já estão recuperados e nós queremos que o governo devolva o nosso salário”. Além desse movimento junto a Assembleia, o Cpers aguarda ainda o julgamento do Tribunal de Justiça do Estado (TJ-RS) sobre o pagamento dos dias de greve recuperados, que ainda não tem data definida para ocorrer.