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Clima

- Publicada em 05 de Novembro de 2019 às 21:23

Rio Grande do Sul é o sexto estado mais poluidor do País

Desmatamento e queimadas registraram um crescimento de 3,6% no ano passado

Desmatamento e queimadas registraram um crescimento de 3,6% no ano passado


ANTONIO CRUZ/ABR/JC
O Rio Grande do Sul foi responsável por 4,7% do total de emissões de poluentes no Brasil em 2018. O percentual coloca o Estado como o sexto mais poluidor do País, atrás de Pará (13,3%), Mato Grosso (11,7%), São Paulo (7,6%), Minas Gerais (7%) e Rondônia (6,6%). Os dados foram divulgados ontem pelo Observatório do Clima. Ao todo, o Estado emitiu 92,6 milhões de toneladas de gases de efeito estufa em 2018.
O Rio Grande do Sul foi responsável por 4,7% do total de emissões de poluentes no Brasil em 2018. O percentual coloca o Estado como o sexto mais poluidor do País, atrás de Pará (13,3%), Mato Grosso (11,7%), São Paulo (7,6%), Minas Gerais (7%) e Rondônia (6,6%). Os dados foram divulgados ontem pelo Observatório do Clima. Ao todo, o Estado emitiu 92,6 milhões de toneladas de gases de efeito estufa em 2018.
Desse total de poluentes despejados pelos gaúchos, 49,02 milhões de toneladas (52,92%) tivera a agropecuária como origem. O setor de energia vem em seguida, sendo responsável pela emissão de 21,69 milhões de toneladas de gases (23,41%). Logo após, vem desmatamentos e queimadas, que jogaram no ar 16,71 milhões de toneladas (18,03%). Resíduos, com 4,72 milhões (5,09%), e processos industriais, com 478,2 mil toneladas (0,5%), completam a lista.
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Nacionalmente, conforme estimativa divulgada pelo Sistema de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Seeg) o País teve uma estabilização das emissões no ano passado. Em 2018, o Brasil emitiu 1,939 bilhão de toneladas de CO2 equivalente (CO2e), um valor 0,3% maior do que o 1,932 bilhão de toneladas verificado em 2017. Os dados serão apresentados hoje, em Recife, durante a 1ª Conferência Brasileira de Mudança do Clima.
O desmatamento foi responsável por 44% do total de emissões (845 milhões de toneladas de CO2e), registrando um crescimento de 3,6% em relação as 816 milhões de toneladas do ano anterior. "Esse aumento foi capitaneado pelo Pará, onde o desmatamento explodiu", diz Ane Alencar, diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam). O crescimento não foi maior porque a alta de 8,5% no desmatamento da Amazônia em 2018 foi, em parte, compensada por uma redução de 10,9% na destruição do Cerrado.
No setor de energia, o levantamento registrou queda de 5% nas emissões, ocasionada por um aumento expressivo (13%) no uso de etanol no transporte de passageiros, pela adição obrigatória de biodiesel ao diesel e pelo incremento de renováveis na geração de eletricidade. Nessa área, houve também crescimento da energia eólica e aumento das chuvas, que fizeram o governo desligar termelétricas fósseis e acionar usinas hidrelétricas.
Conforme o Observatório do Clima, mesmo com a aparente boa notícia, o perfil das emissões brasileiras indica que o País, que é o sétimo maior poluidor climático do planeta, ainda não incorporou uma trajetória consistente de redução de emissões. "Manter as emissões brasileiras estáveis em um mundo que continua aumentando as emissões é importante, mas não suficiente. O planeta precisa que as emissões sejam reduzidas com vigor nos próximos anos, e infelizmente nosso cenário de emissões para 2020 é de aumento", afirma Tasso Azevedo, coordenador-técnico da entidade e coordenador do Seeg.

Números nacionais de 2019 devem mostrar aumento significativo

O Observatório do Clima é uma rede composta por 47 organizações não governamentais e movimentos sociais. Nos dois anos anteriores (2016 e 2017), as emissões brasileiras vinham em queda (0,4% em 2016 e 4,2% em 2017). O crescimento em 2018 foi pequeno, mas, em 2019, deve crescer mais, devido ao grande desmatamento na Amazônia e no Cerrado.
O País não cumprirá a meta estabelecida para 2020 em sua lei nacional de clima de reduzir em 80% a taxa de desmatamento na Amazônia. Mesmo que todo o desmatamento parasse hoje, a elevação detectada pelo sistema de monitoramento do Inpe nos últimos meses já nos coloca em um patamar superior aos 3.925 km2 estabelecidos na lei. Com a meta de 2020 prejudicada, o País parte de uma posição pior para cumprir sua NDC, a meta do Acordo de Paris.
"Nós já vínhamos em uma situação delicada antes do desmonte da governança ambiental brasileira promovido pelo governo atual", disse Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório. "Em 2019, os planos de combate ao desmatamento na Amazônia e Cerrado foram engavetados e não temos nem mesmo um esboço de plano para a implementação da NDC, que deveria ocorrer a partir do ano que vem. Na verdade, até os órgãos que deveriam implantar a NDC foram extintos."